Mercadante defende que Brasil repita modelo da Embraer com aviões e se especialize em fazer navios

BNDES irá destinar ao menos R$ 2 bilhões em financiamento para a construção naval em 2024; no ano passado, 95% das exportações deixaram o País por mar

PUBLICIDADE

Publicidade
Atualização:

RIO - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse nesta quarta-feira, 24, que o financiamento do banco à construção naval será de ao menos R$ 2 bilhões em 2024. A cifra exata, porém, vai depender de “bons projetos”, disse Mercadante.

PUBLICIDADE

Ele fez o anúncio em evento do BNDES no Rio de Janeiro, em que foram anunciados R$ 19 milhões não reembolsáveis para pesquisas de planejamento espacial da Marinha, no âmbito do programa BNDES Azul.

Os recursos se repartem entre as regiões Sul (R$ 7 milhões) e Sudeste (R$ 12 milhões). Nesta quarta, foi assinado especificamente o contrato de Planejamento Espacial Marinho (PEM) para o Sul do País. Desembolsos para as regiões Nordeste e Norte ainda são discutidos.

“Em 2024, garanto que não serão menos de R$ 2 bilhões para financiar construção naval. Mas o BNDES reage a bons projetos, projetos estruturantes. Precisamos de bons projetos, olhando para o futuro”, afirmou Aloizio Mercadante.

Publicidade

Aloizio Mercadante é o atual presidente do BNDES; ele citou vontade de reativar a indústria naval brasileira Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Ele lembrou que o financiamento da construção naval pelo BNDES somou R$ 600 milhões em 2022 e R$ 1 bilhão em 2023, destacando a aposta crescente do banco na atividade.

Mercadante argumenta que, do total de exportações brasileiras, que no ano passado somaram US$ 340 bilhões, 95% deixam o País por mar, e por isso o Brasil precisa construir navios com o mesmo grau de especialização com que produz, por exemplo, aviões via Embraer.

“Tivemos uma indústria pujante de construção naval nos anos 1970. Nós precisamos fazer navios, já fizemos, temos tecnologia e acúmulo para isso”, afirmou o presidente do BNDES.

Segundo Mercadante, a conjuntura global oferece uma janela para a construção naval brasileira, devido às exigências da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) relativa à redução de emissões relacionadas à navegação.

Publicidade

“A IMO tem poder decisório e, até 2030, a meta é reduzir em 40% as emissões com uso de combustíveis renováveis. Isso é uma janela que está se abrindo. Podemos usar amônia verde, hidrogênio verde, metanol verde e etanol para entrar nesse disputa fabricando navio a combustível renovável para sair na frente”, continuou.

Segundo Mercadante, executivos otimistas esperam multas de US$ 40 a US$ 100 por tonelada para quem não cumprir as exigências, enquanto os pessimistas estimam penalidade de US$ 500 por tonelada, o que será um diferencial para quem tiver uma “frota verde”.

Ele destacou, ainda, o tamanho da carteira “azul” do BNDES, que já perfaz R$ 22 bilhões em financiamentos, sendo mais da metade, R$ 13,6 bilhões voltados a embarcações e navios, sobretudo suporte ao pré-sal e estaleiros. Outra frente, a de portos e terminais, já soma R$ 6,5 bilhões em financiamentos. E o BNDES também administra o Fundo de Marinha Mercante, com créditos de R$ 1,2 bilhão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.