RIO – Ainda no aguardo da nomeação formal e sem data de posse definida, o futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, deu mais um passo na formação de sua diretoria. Na noite de quarta-feira, 11, foi anunciado o nome de uma funcionária de carreira do banco, enquanto publicações no Diário Oficial de União (DOU) desta quinta-feira, 12, confirmaram as funções de dois diretores já anunciados, os ex-ministros Nelson Barbosa e Luiz Navarro. Com oito nomes já anunciados, Mercadante ainda tem uma vaga a indicar.
Ainda há uma vaga porque, pelo estatuto do BNDES, a diretoria é formada pelo presidente e mais nove membros. Na estrutura organizacional do banco, as diretorias não têm função previamente determinada. Conforme cada gestão, o conjunto de áreas, operacionais ou de apoio à atividade – as áreas são comandadas por superintendentes, cargo imediatamente abaixo dos diretores, na hierarquia –, são alocadas nas diferentes diretorias.
O nome de Barbosa e da também ex-ministra Tereza Campello foram os primeiros a serem aventados para a diretoria de Mercadante. Dias antes do Natal, num encontro com empresários em São Paulo, o futuro presidente confirmou a indicação dos dois para sua diretoria, mas não deu detalhes sobre quais funções assumiriam. Após o encontro, disse a jornalistas que Barbosa e Campello deveriam trabalhar nas áreas em que têm expertise.
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Também após o encontro com empresários, Mercadante anunciou os nomes da maioria da diretoria. São eles Alexandre Abreu, ex-CEO do banco Original, que também presidiu o Banco do Brasil (BB) entre 2015 e 2016; o economista José Luis Gordon, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii); Natalia Dias, que é CEO do Standard Bank Brasil; Luciana Costa, presidente no Brasil do banco francês de investimentos Natixis; e Navarro, que foi ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU) entre março e maio de 2016.
Diante da sinalização de Mercadante às vésperas do Natal, esperava-se que Barbosa cuidasse de áreas relacionadas ao planejamento. Barbosa trabalhou no Ministério da Fazenda comandando pelo ex-ministro Guido Mantega e, depois, foi ministro do Planejamento e da Fazenda, no segundo governo Dilma Rousseff (PT). A função de “Diretor de Crédito à Infraestrutura” está informada em ato da Universidade de Brasília (UnB), publicado no DOU desta quinta-feira, 12, que autorizou a cessão de Barbosa. O ex-ministro é professor da instituição de ensino.
Navarro, que é consultor legislativo de carreira do Senado Federal, também teve a cessão autorizada, conforme portaria publicada no DOU nesta quinta-feira, 12. Segundo o texto da portaria, a cessão de Navarro para o BNDES foi aprovada, para “exercer o cargo de Diretor de Compliance”, como é conhecida a área das empresas que cuida da conformidade no cumprimento de normas e leis.
A oitava indicação para a diretoria foi anunciada em entrevista à jornalista Míriam Leitão, no canal de TV por assinatura GloboNews. Helena Tenório, funcionária de carreira do BNDES, será a diretora responsável pela área de recursos humanos e operações.
Economista, Tenório é funcionária do BNDES desde 1998. Atualmente, é chefe do Departamento de Operações Indiretas e Microcrédito. Em 2018, foi superintendente de Comunicação e Relações Institucionais. Vice-presidente do conselho do Novo Clube de Paris, entidade voltada para desenvolver a agenda da “economia do conhecimento”, Tenório deverá atuar na promoção do aumento da diversidade do corpo de funcionários do BNDES.
Diversidade
Na entrevista à GloboNews, Mercadante demonstrou preocupação com o tema, destacando que quatro dos nove membros de sua diretoria serão mulheres. Se, em termos de gênero, o quadro está mais equilibrado, no caso da diversidade racial, o BNDES parece mais atrás. Mercadante ressaltou que apenas 1,6% do total de funcionários têm a pele preta. Somados aos que se declaram pardos, a proporção sobe a 4,6%.
“Não tem um superintendente negro na história do banco. Fiz a primeira reunião da história com os negros. Vamos fazer essa promoção. Vamos fazer um trainee do banco, que é muito valorizado no mercado, só para negros e negras”, disse Mercadante à GloboNews, lembrando que não há CEOs negros no setor financeiro. “Vamos ter um concurso com ação afirmativa para aumentar a presença”, completou.
Na última segunda-feira, 9, um despacho do Tribunal de Contas da União (TCU) deu aval à nomeação de Mercadante, diante de incertezas sobre eventual vedação pela Lei das Estatais, mas ainda não há definição sobre quando e onde (se na sede do banco, no Rio, ou em Brasília) será a cerimônia de posse. A assessoria de Mercadante já informou que ele se mudará para o Rio, para trabalhar, prioritariamente, na sede da instituição.
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