Mercadante quer separar BNDES e BNDESPar para aumentar espaço de empréstimos à Petrobras

Segundo o presidente do banco, tema já foi discutido com o Ministério da Fazenda e a Casa Civil

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RIO - O presidente do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse nesta quinta-feira, 22, que o banco público discute com o governo federal uma mudança de regras para aumentar o volume de empréstimos à Petrobras.

Mercadante detalhou que a solução para o BNDES aumentar o financiamento à estatal é “retirar” o seu braço de participações, o BNDESPar do balanço do banco.

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“Precisamos tirar o BNDESPar do balanço do BNDES. Se fizermos isso, vamos ter muito espaço para financiar a Petrobras diretamente. É separar em duas empresas, ter o BNDESPar com CNPJ próprio”, afirmou.

“Estamos discutindo com o governo, Ministério da Fazenda e Casa Civil, para alterar algumas regras e permitir que a gente esteja mais presente no financiamento de uma empresa tão sólida e estratégica como a Petrobras”, continuou.

Ele acrescentou que o arranjo pretendido está alinhado à realidade dos maiores bancos do País. “O Itaú tem a Itaúsa, o Bradesco tem o BradesPar, o Banco do Brasil tem seu braço de participações. As ações que estão nessas empresas não contaminam o balanço dos bancos, porque é renda variável”, disse.

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Mercadante argumentou que bancos privados também "dividiram CNPJ" Foto: PAULO VITOR/ESTADÃO

Ele fez as afirmações em evento de assinatura de um acordo para a criação da Comissão Mista BNDES-Petrobras, que terá uma série de subcomissões dedicadas à transição energética, reindustrialização e fomento à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias.

O BNDES detém 7% das ações da Petrobras via BNDESPar, o que perfaz cerca de R$ 24 bilhões. Hoje, em função dessa participação, há limites legais para que o banco financie a estatal petroleira.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que, devido à transição energética, em um período de 15 anos haverá dificuldade para se encontrar fornecedores clássicos para a indústria de petróleo, o que requer o desenvolvimento e o fomento de alternativas. “Vamos catalizar projetos juntos e executá-los também juntos”, disse Prates se referindo ao BNDES.

Biorrefino e eólica offshore

O presidente do BNDES especificou que o banco tem interesse em financiar a expansão da Petrobras nas frentes de biocombustíveis e combustíveis de última geração, como o diesel R, além de eólica offshore.

“Faz todo sentido o banco financiar biorrefinaria ou eólica offshore. Se entrar em eólica offshore, vamos estar na linha de frente porque temos muita experiência em eólica no Brasil, financiamos dois terços do parque eólico (onshore) do País”.

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Ele observou que, se o País tiver planos de produzir hidrogênio verde para exportação, vai precisar dobrar a capacidade de geração de energia elétrica atual. “Vamos entrar nesse debate de eólica offshore, em um País que pode liderar hidrogênio verde”, disse.

Entre as contribuições técnicas, ele disse que o banco pretende auxiliar na convergência entre MME e Ibama, sem citar especificamente o avanço exploratório sobre a Margem Equatorial.

Financiamento a fornecedores

Mercadante acrescentou que, apesar das limitações de momento para expandir o financiamento à Petrobras, já é possível contribuir com empréstimos para os fornecedores da estatal, fortalecendo sua cadeia local.

“No crédito já podemos fortalecer a rede de fornecedores (da Petrobras). Aí há um desafio, porque muitos fornecedores estão deixando de atuar no setor”, disse.

Limites e carteira do BNDESPar

Questionado por jornalistas sobre os limites de exposição para financiamentos do BNDES, Mercadante afirmou que o BNDES está dentro do limite e tem espaço para financiar a Petrobras e que não há hipótese do banco vender ações da estatal.

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Sobre o BNDESPar, ele afirmou que houve um desinvestimento muito intenso nos últimos anos que concentrou a carteira em quatro empresas, o que deve ser diversificado à frente. Nosso esforço será de buscar desconcentrar (a carteira de ações do BNDESPar).

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