BRASÍLIA - Economistas do mercado financeiro aumentaram as projeções de cotação do dólar no fim deste ano e nos próximos. A mediana do relatório Focus para o câmbio em 2024 subiu de R$ 5,15 para R$ 5,20, a terceira alta consecutiva. Um mês antes, estava em R$ 5,05.
A estimativa intermediária para o fim de 2025 passou de R$ 5,15 para R$ 5,19, de R$ 5,05 um mês antes. As medianas para o fim de 2026 e 2027 também subiram, de R$ 5,15 para R$ 5,19 e de R$ 5,18 para R$ 5,20, respectivamente.
O real teve este ano o pior primeiro semestre desde 2020, na esteira de dúvidas sobre a situação fiscal doméstica, de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central e de um movimento de especulação no mercado de câmbio. Na última sexta-feira, o dólar fechou cotado em R$ 5,5883, acumulando alta de 15,14% frente à moeda brasileira em 2024.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
PIB
A mediana do relatório Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2024 continuou em 2,09%. Um mês atrás, estava em 2,05%. A estimativa intermediária para o PIB de 2025 caiu de 2% para 1,98%, após 28 semanas de estabilidade.
A projeção do Focus para o crescimento da economia em 2026 continuou em 2% pela 47ª semana seguida. Para 2027, a mediana também se manteve em 2%, pela 49ª leitura consecutiva.
O Ministério da Fazenda espera crescimento de 2,5% para o PIB brasileiro em 2024.
IPCA
Os economistas voltaram a aumentar as suas projeções de inflação deste ano e do próximo. A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2024 passou de 3,98% para 4%, já 1 ponto porcentual acima do centro da meta, de 3%. Um mês atrás, era de 3,88%. A mediana para 2025, horizonte relevante da política monetária, subiu de 3,85% para 3,87%, contra 3,77% um mês antes.
Na semana passada, o governo publicou o decreto que regulamenta o novo sistema de meta contínua de inflação. A partir do ano que vem, o alvo será apurado com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar acima do teto ou abaixo do piso por seis meses consecutivos, vai se considerar que a meta foi perdida.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que o centro da meta continuará em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. O alvo e a banda poderão ser alterados pelo conselho, com base em uma proposta do ministro da Fazenda, com antecedência mínima de 36 meses para sua aplicação.
Nos horizontes mais longos, a mediana do Focus para o IPCA de 2026 continuou em 3,60% pela quarta semana consecutiva. A estimativa intermediária para 2027 ficou em 3,50% pela 52ª semana seguida.
O Banco Central espera que o IPCA fique em 4% em 2024, 3,4% em 2025 e 3,2% em 2026, considerando o cenário de referência, com a trajetória de juros extraída do Focus. Em um cenário alternativo, com a taxa Selic constante ao longo do horizonte relevante, o BC espera inflação de 4% este ano e 3,1% no próximo.
Selic
A mediana do relatório Focus para a taxa Selic no fim de 2024 continuou em 10,5% pela segunda semana consecutiva. Um mês atrás, a projeção era de 10,25%.
Na decisão mais recente, de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 10,5%, por unanimidade, e comunicou a “interrupção” do ciclo de cortes.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse em uma entrevista coletiva na semana passada que um aumento dos juros “não é o cenário-base” da autoridade monetária. Ao jornal Valor Econômico, ele afirmou que o nível atual da Selic é “suficientemente alto” para levar a inflação à meta.
A mediana do Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 9,5% pela segunda semana consecutiva, de 9,18% um mês atrás. Considerando as 77 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária também é de 9,5%.
Para 2026, a projeção seguiu em 9,0%, como já estava também há sete semanas. Para 2027, a estimativa também foi mantida em 9,00%, como já está há seis semanas.
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