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Mercados globais reagem com pânico a números da economia americana

Bolsa de Tóquio derrete ganhos do ano, dólar perde valor em relação ao iene e ao euro e big techs têm desvalorização perto de US$ 1 trilhão, sob temor de desaceleração dos EUA

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Por Redação
Atualização:

A maior baixa da Bolsa japonesa na história, um tombo de 12,4% que relembra o “crash” de outubro de 1987 nos EUA, acordou os mercados do Ocidente, nesta segunda-feira, 5, com pânico diante dos números da economia americana. Outras Bolsas na Ásia também desabaram, assim como na Europa, e operadores em Nova York contabilizaram perdas na casa dos trilhões. A desvalorização de ações das big techs conhecidas como “As Sete Magníficas” (Amazon, Apple, Alphabet, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla) se aproximou de US$ 1 trilhão. O dólar teve forte queda no exterior, enquanto o iene e o euro se valorizaram. No Brasil, porém, o efeito da moeda americana foi de alta: o dólar chegou a ultrapar a casa dos R$ 5,80 pela manhã e fechou o dia em R$ 5,7414, elevação de 0,56%.

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O gatilho do pânico foi acionado na sexta-feira, com a divulgação dos números sobre o emprego nos EUA, piores do que o esperado pelos mercados e do que dava a entender a manifestação do banco central americano (o Federal Reserve, Fed) dois dias antes. O principal índice da Bolsa japonesa, o Nikkei 225, encerrou a sexta-feira em uma queda de 5,8%, que acabaria se agravando nesta segunda-feira, 5. Com o derretimento de 12,4%, o Nikkei apagou integralmente os ganhos conquistados em 2024 e passou a acumular queda de 25% desde a máxima histórica que havia atingido em julho. Em outras partes da região asiática, o sul-coreano Kospi caiu 8,77% em Seul, para 2.441,55 pontos e o Taiex recuou 8,35% em Taiwan, para 19.830,88 pontos. Na Oceania, a bolsa australiana sofreu a maior queda diária desde maio de 2020: o S&P/ASX 200 caiu 3,70% em Sydney, para 7.649.60 pontos.

Os índices das bolsas de Nova York registraram as maiores perdas diárias desde setembro de 2022. O Dow Jones caiu 2,60%, para 38.703,27 pontos; o S&P 500, 3,00%, para 5.186,33 pontos; e o Nasdaq, 3,43%, para 16.200,08 pontos. O índice VIX, uma espécie de “termômetro do medo” em Wall Street, bateu o maior nível desde março de 2020, à época do choque inicial da pandemia de covid-19. Perto do fechamento, o índice saltava 64,90%, para 38,57 pontos.

As ações em Wall Street enfrentaram pressão aguda desde abertura, quando o Nasdaq chegou a cair cerca de 6%. No final da manhã, o avanço do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços, medido pelo instituto ISM, chegou a tirar os índices acionários das mínimas intraday, mas a tentativa de recuperação não conseguiu se consolidar.

Entre ações individuais, a Nvidia perdeu 6,36%, em meio a relatos de que a empresa pretende adiar o lançamento de seu chip voltado para inteligência artificial. A Apple recuou 4,82%, depois da notícia de que a Berkshire Hathaway anunciou reduzir as participações na empresa.

Wall Street teve um dia de contar perdas Foto: Charly Triballeau/CHARLY TRIBALLEAU

Como o Brasil foi afetado?

No Brasil, a trajetória do Ibovespa, principal índice da B3, foi distinta dos pares americanos. Depois de uma abertura bastante volátil, o indicador foi reduzindo as perdas ao longo do dia, com ajuda principalmente do desempenho do Bradesco. O balanço do banco agradou ao mercado por trazer expressiva queda na inadimplência. A ação ON saltou 8,30% e a PN ganhou 7,59%, dando contribuição positiva de mais de 0,30 ponto porcentual ao Ibovespa, que marcou 125.269,54 pontos no fechamento (-0,46%). No câmbio doméstico, o dólar à vista subiu aos R$ 5,7414 (+0,56%). O real sofreu menos que os pares emergentes, muito também por já vir de uma jornada bastante ruim neste ano. Nos juros futuros, as taxas locais alternaram movimentos moderados de alta e de baixa a partir do vaivém dos rendimentos dos Treasuries (títulos americanos) e do comportamento do câmbio. Neste fim de tarde, o viés é de queda.

Como fica o juro nos EUA?

Este ambiente mexeu com perspectivas não só dos mercados, mas também de economistas, que passaram a precificar cortes de juros maiores pelo Fed até o fim de 2024. Como previsto pela Capital Economics e apontado nesta segunda-feira por pesquisa da Bloomberg, operadores chegaram a prever até 60% de chance de uma redução extraordinária, de 25 pontos-base (0,25 ponto porcentual), nas taxas antes mesmo da decisão oficial, agendada para setembro.

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Em entrevista à CNBC nesta segunda-feira, 5, Austan Goolsbee, do Fed de Chicago, expressou desconforto sobre o nível de restrição atual dos juros, mas reiterou que as decisões são dependentes de dados, evitando falar sobre a possibilidade de uma ação extraordinária. Segundo ele, “todas as opções” estão na mesa e o Fed “responderá” a uma eventual deterioração da economia, se necessário.

No mercado de títulos, os juros dos Treasuries também reduziram perdas e a ponta curta flertava com o azul no horário citado. Mais cedo, os rendimentos haviam renovado menores níveis desde 2023, enquanto a curva dos juros de 2 anos/10 anos oscilava entre inversão e desinversão. O juro do T-note de 2 anos subia a 3,885%, o do T-note de 10 anos caía a 3,781% e o do T-bond de 30 anos recuava a 4,074%.

‘Redução de marcha’

A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, reconheceu que a economia dos EUA está “reduzindo a marcha”, mas indicou que nenhum dos indicadores de emprego que acompanha aponta “alerta vermelho”. “Estou em um ponto em que monitoro as coisas com cuidado”, afirmou, durante evento no Havaí.

Daly, que vota nas reuniões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), disse que aguarda os próximos relatórios para entender se a dinâmica de desaceleração do emprego apontada em julho seguirá em curso ou será revertida.

“Chegamos a um lugar em que estou mais confiante de que a inflação está desacelerando sustentadamente para a meta de 2% e de que o mercado de trabalho precisa voltar às considerações (da política monetária)”, disse. /Com André Marinho, Camila Pergentino e Sergio Caldas e informações da Dow Jones Newswires

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