O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será a primeira instituição financeira a oferecer debêntures para o investidor de varejo no mercado brasileiro. Além do banco, apenas a Petrobrás e a Suzano abriram ofertas para pequenos investidores. Nas duas operações, porém, a parcela destinada ao varejo foi pequena, de 10% e 3%, respectivamente. O BNDES reservou 30% do lançamento só para pequenos investidores. Segundo fontes ligadas à instituição, a intenção é captar, ao todo, R$ 2 bilhões. A venda dos títulos será feita em três etapas. Na primeira, serão ofertados R$ 500 milhões com vencimento em cinco anos. O título será emitido pela BNDESPar Participações. O BNDES, presidido por Demian Fiocca, já havia manifestado a intenção de popularizar o mercado de debêntures. A estratégia pela popularização do banco já deu certo no segmento de renda variável, com o lançamento do PIBB em 2004 e 2005. O produto funciona como um fundo que replica a variação do IBrX-50 - com metodologia internacional, esse índice é composto pelas 50 ações mais negociadas na Bovespa ponderadas pelo valor de mercado da empresa. Depois do sucesso no mercado de renda variável, o banco se volta agora para as aplicações em renda fixa. As debêntures vão render juros mais a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Quem quiser comprar o título deverá procurar os bancos cadastrados. Cada investidor poderá comprar até R$ 500 mil em debêntures e a aplicação mínima é de R$ 1 mil. O período de reserva acaba no dia 12 dezembro. O BNDES informou que não será preciso depositar dinheiro na hora. O preço dos papéis será definido pelos grandes investidores institucionais e a expectativa é de que eles consigam um deságio (na prática, isso significa que o título vai render mais que juros de 6% ao ano ao investidor), que será repassado também ao varejo. O BNDES não garantirá a recompra antecipada dos títulos. Ou seja, quem quiser receber o dinheiro antes de 2012 terá de vender os papéis no mercado. Como o mercado secundário de debêntures no Brasil é frágil, não há garantias de que o investidor conseguirá se desfazer do papel. Para tentar minimizar essa suposta dificuldade, a expectativa é que o BNDES contrate uma instituição para ser formadora de mercado. Isto é, alguém que fique responsável para dar liquidez às operações com esse título. No anúncio da emissão, o BNDES revelou que o Bradesco e o BB Investimento se comprometeram a oferecer diariamente uma cotação de compra e venda para os papéis. As debêntures serão ofertadas no BovespaFix e na CetipNet, sistemas de negociação eletrônica de títulos de renda fixa privados. A liquidação financeira da operação está marcada para 20 de dezembro, quando todos os investidores terão de pagar pelo papel reservado. O investidor receberá os rendimentos das debêntures diretamente na conta corrente, já descontado os impostos. Mas é preciso ficar atento às taxas cobradas pelas instituições para a compra e venda das debêntures. Os custos de corretagem podem chegar até 4% ao ano.
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