A Bolsa de Valores de São Paulo abriu em baixa de mais de 1%, expressando o nervosismo dos investidores com a queda contínua dos preços do petróleo em Londres e Nova York. Segundo operadores, também estaria pesando hoje a decisão do governo brasileiro de desistir de privatizar sete trechos de rodovias federais. Às 11h07, o Ibovespa - principal índice da Bolsa paulista - caía 1,52%, a 41.3700 pontos. Os investidores aguardam a divulgação do nível dos estoques semanais de petróleo e derivados nos EUA, às 13h30 (de Brasília), o que tende a adicionar volatilidade aos negócios. As principais bolsas na Europa também operam em baixa, afetadas pela desvalorização das ações das empresas petrolíferas. Na Ásia, as perdas foram generalizadas, com vendas mais agressivas na Bolsa da Indonésia, que caiu 4%. Os operadores do mercado asiático atribuíram o movimento a um ajuste dos fundos de hedge, que estariam realizando lucros para cobertura de perdas nos futuros de petróleo e de outras commodities. No mercado doméstico, as ações das empresas que pretendiam participar das licitações das rodovias federais, como CCR e OHL, devem passar por um ajuste negativo. Segundo a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o governo pretende administrar sozinho as praças de pedágio que deverão ser instaladas em rodovias como Fernão Dias (BR-381, que liga São Paulo a Belo Horizonte) e Régis Bittencourt (BR-116, no trecho entre Curitiba e São Paulo). Segundo avaliação do departamento de análise da corretora Socopa, a falta de transparência do governo em relação a este processo de privatização é o pior fator desta decisão, que poderá acarretar forte redução do investimento privado no setor de concessões rodoviárias e ferroviárias. "O mercado deverá lembrar claramente do discurso populista e estrategicamente montado a fim de 'destravar os gargalos' da produção industrial e agroindustrial brasileira", diz a corretora.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.