São Paulo - Em dia majoritariamente negativo no exterior, com o apetite por risco cerceado pelo avanço da inflação nos Estados Unidos, o Ibovespa parecia a caminho de manter a linha dos 98 mil pontos pela terceira sessão, sem se distanciar da faixa de 98,2 a 98,4 mil em boa parte da tarde, entre leves ganhos e perdas. Ao fim, a referência da B3 cedeu um pouco mais, em baixa de 0,40%, aos 97.881,16 pontos. Agora abaixo dos 98 mil, foi a menor marca de fechamento no ano, e também a mais baixa desde os 97.866,81 do encerramento de 4 de novembro de 2020.
Com o vencimento de opções sobre o Ibovespa, o giro financeiro foi a R$ 35,8 bilhões na sessão. Na semana, o índice cede 2,40% e, no mês, perde 0,67% - no ano, o recuo é de 6,62%.
"Os mercados acabaram se firmando no negativo, e o Ibovespa se inclinou também, após ter oscilado entre altas e baixas ao longo do dia. Recessão nos Estados Unidos tem sido o grande tema, e o dado de inflação foi o grande destaque da sessão, com um movimento generalizado de alta nos preços (ao consumidor). Um relatório de inflação de forma geral ruim, que aumenta as apostas de Federal Reserve mais agressivo já na reunião de julho", diz Jennie Li, estrategista de ações da XP.
Na ponta do Ibovespa, destaque para Ambev (+5,66%), Carrefour Brasil (+3,29%) e Natura (+2,93%), com 3R Petroleum (-5,55%), Qualicorp (-4,40%) e Rede D´Or (-4,31%) no lado oposto. A sessão também foi negativa para os grandes bancos (Bradesco PN -2,28%, mínima do dia no fechamento; Santander -1,55%), e ao fim positivo para Petrobras (ON +0,43%, PN +0,07%), mesmo com o Brent abaixo dos US$ 100 por barril desde ontem. O dia foi de leve baixa para Vale ON (-0,34%) e de alguma recuperação para a siderurgia, com CSN ON (+0,91%) à frente.
Dólar
Depois de dois pregões seguidos de alta firme, em que acumulou valorização de 3,25%, o dólar encerrou a sessão desta quarta-feira, 13, em leve baixa, no patamar de R$ 5,40. O refresco para o real veio na esteira da perda de fôlego da moeda americana lá fora, a despeito de o índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA em junho ter vindo acima do esperado, ensejando até apostas de que o Fed possa acelerar o passo e subir a taxa básica em 100 pontos-base.
Logo após a divulgação do CPI, pela manhã, o dólar chegou a ensaiar nova alta e ultrapassou a barreira de R$ 5,45, correndo até a máxima de R$ 5,4663 (0,50%). Mas a febre compradora logo amainou e a moeda voltou a recuar, tocando mínima a R$ 5,3635 no início da tarde. Com uma diminuição das perdas na última hora do pregão, acompanhando o comportamento da moeda americana no exterior, o dólar à vista fechou a R$ 5,4058, em baixa de 0,61%. A divisa ainda acumula ganhos de 2,62% na semana e de 3,27% no mês.
Operadores e analistas atribuem a escorregada do dólar no exterior, sobretudo antes divisas emergentes, a ajustes de posições e realização de lucros. O mercado já teria embutido nos últimos dias a perspectiva de aceleração inflacionária e agora estaria apenas aparando excessos. Além disso, o dia mais ameno para commodities, após o tombo recente, teria favorecido divisas emergentes. Por aqui, houve relatos de fluxo positivo, com exportadores aproveitando a escalada recente da moeda para internalizar recursos.
"A percepção é que o mercado já havia se antecipado a um número ruim do CPI e hoje está fazendo um ajuste para baixo no dólar. Está realizando no fato. É simples volatilidade", afirma e economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.
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