Dados do varejo levam à queda dos juros futuros

Vendas no setor cresceram 0,4% em outubro ante setembro, no piso das previsões, e devem esvaziar a disposição de defesa da alta da taxa Selic no primeiro encontro do Copom, em janeiro

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Por Patricia Lara e da Agência Estado
Atualização:

O varejo brasileiro não apresentou o vigor esperado no início do quarto trimestre. Dados divulgado hoje mostraram que as vendas no varejo no Brasil cresceram 0,4% em outubro ante setembro, no piso das previsões dos analistas. O ritmo deve esvaziar a disposição de defesa da alta da Selic (a taxa básica de juros da economia) no primeiro encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), em janeiro, garantindo pressão de baixa às taxas dos contratos mais curtos de juros futuros. A queda só não deve ser mais forte em razão da notícia de que o governo não conseguiu aprovar o corte de R$ 8 bilhões na proposta do Orçamento de 2011. O dia reserva ainda outra decisão monetária de peso para os negócios: a do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) nos Estados Unidos.

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O resultado das vendas do comércio varejista ficou no piso do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que previam alta de 0,40% a 1,60%, e abaixo da mediana, de 1,15%. O dado de setembro ante agosto foi revisado para baixo, de expansão de 0,4% para alta de 0,3%.

O monitor diário da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no critério ponta, arrefeceu de 0,74% no dia 10 para 0,66% no dia 13, com o grupo alimentação e bebidas saindo de 1,67% para 1,52%. Os dois vetores abrem espaço para recuo nas taxas curtas de juros.

Mas a informação sobre o Orçamento deve limitar a queda. Apesar do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ter recomendado corte de R$ 8 bilhões na proposta do Orçamento de 2011, o relator na Câmara, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), conseguiu aprovar o aumento de R$ 4,713 bilhões na previsão de receitas na noite de ontem, na Comissão Mista do Orçamento. Essa é a segunda atualização feita pelo deputado. Na primeira, divulgada em novembro, ele havia ampliado as receitas em R$ 17,7 bilhões. Com isso, o Congresso terá R$ 22,4 bilhões a mais para determinar gastos do que previa a equipe econômica, inflando as pressões por novas despesas e jogando para o governo a responsabilidade de fazer cortes.

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No exterior, o destaque recai sobre o encontro do Fomc do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que deve seguir rígido em sua decisão de injetar mais US$ 600 bilhões no sistema financeiro norte-americano. Ao mesmo tempo, o Senado dos EUA deve aprovar o novo pacote de incentivo fiscal de Barack Obama. O pacote de incentivo tributário recebeu ontem os 60 votos necessários para aprovação do caráter de urgência e a finalização do processo acabou adiada para hoje devido às condições climáticas adversas em Washington.

As operações também devem se ajustar às expectativas em relação à ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada na quinta-feira. "O mercado deve trabalhar em cima da ata, que, provavelmente, mostrará um BC vigilante com reversão do cenário traçado no encontro anterior", observou uma fonte, ressaltando que isso é fundamental para segurar a taxa longa de juros. "Com ata frouxa, (os juros) curtos vão fechar e, em compensação, os longos vão continuar indo para cima", completou.

Às 9h43 (horário de Brasília), a taxa projetada pelo DI com vencimento em janeiro de 2012 apontava 11,87%, ante 11,88%. Já o contrato com vencimento em janeiro de 2013 apresentava taxa de 12,34%, ante 12,32% de sexta-feira.

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