(Atualizado às 21h30)
O mercado financeiro reagiu com força ao resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, com a notícia de que o candidato Aécio Neves (PSDB) recebeu uma votação superior à projetada pelas pesquisas e fará uma disputa mais acirrada com a presidente Dilma Rousseff (PT).
Logo após o começo da sessão, a Bolsa de Valores chegou a subir 8% e o dólar caiu mais de 4%, com o otimismo dos investidores, que há tempos manifestam preferência pelos candidatos de oposição. As ações de empresas estatais dispararam. Papéis da Petrobrás chegaram a subir 17% pela manhã.
Ao longo do dia, porém, o clima de euforia com a possibilidade de uma vitória de Aécio Neves arrefeceu um pouco e as cotações recuaram. Ainda assim, o Índice Bovespa fechou a sessão com alta de 4,72%, aos 57.115,90 pontos. Foi o maior ganho porcentual em um único dia desde agosto de 2011.
O dólar, que chegou a ser negociado na semana passada a R$ 2,50, oscilou pela manhã na faixa dos R$ 2,37. No fim do dia, porém, fechou a R$ 2,4290, uma queda de 1,78%. Foi a maior queda em um dia desde 27 de março. Além da eleição, o câmbio também foi afetado pela tendência internacional registrada de recuo do dólar.
Ganhos. O salto de mercado provocou lucros e perdas bilionários, especialmente com as ações do chamado “kit eleições”, de estatais. A Petrobrás PN subiu 11,12%, maior ganho desde 8 de dezembro de 2008, o Banco do Brasil ON subiu 11,92% e a Eletrobrás ON, 9,29%.
Pelas contas da empresa de dados financeiros Economática, o valor de mercado da Petrobrás variou de R$ 233,04 bilhões para R$ 257,121 bilhões, uma alta de R$ 22,08 bilhões. O BB ganhou R$ 8,677 bilhões e a Eletrobrás, R$ 808 milhões. A alta somada das três estatais foi de R$ 33,565 bilhões, valor parecido com o da CCR, a 13.ª maior empresa negociada na Bolsa.
Analistas dizem que o mercado continuará volátil até o segundo turno, no próximo dia 26, oscilando com o resultado das pesquisas eleitorais. Além disso, o dólar também deve oscilar, pressionado pela eventual alta dos juros pelo Fed (banco central americano), que deverá atrair capital para os EUA.
“As pesquisas erraram feio, mas o resultado da eleição surpreendeu para o lado que o mercado gosta. Acho que já estava na conta que a oposição poderia trazer uma surpresa positiva, mas não o que se efetivou, daí o movimento do mercado”, disse o operador da Quantitas Asset Thiago Montenegro.
“Quando Marina apareceu nas pesquisas no segundo turno, derrotando Dilma, o mercado gostou. Mas ela não era a preferida. O preferido era o Aécio”, comentou João Paulo de Gracia Corrêa, gerente de câmbio da Correparti Corretora.
Os bancos já começaram a fazer suas contas sobre o segundo turno. Para o Credit Suisse, cerca de 55% dos votos de Marina devem migrar para Aécio e em torno de 25%, para Dilma. Para o Barclays, se Marina apoiar Aécio, ele ficará com 65% dos votos dela. “Isso tornaria a eleição um referendo sobre a administração da presidente Dilma”, afirmaram os analistas Bruno Rovai e Marcelo Salomon.
Para Montenegro, da Quantitas, apesar de as pesquisas “terem errado feio” no primeiro turno, o mercado ainda vai ficar de olho nelas. O Ibope vai a campo de terça até quinta-feira e o DataFolha fará seu levantamento quarta e quinta-feira.
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