Mesmo com resultados resistentes, setor de shoppings prevê ano mais contido

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Apesar dos resultados resistentes registrados no último trimestre, as operadoras de shopping centers preveem para 2015 um ano de contenções, com uma estratégia menos agressiva de crescimento e foco nas operações internas. As empresas do setor se preparam para enfrentar o período mais turbulento que desenham para os próximos meses e passaram a reavaliar suas participações em empreendimentos e adotar uma postura defensiva. Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a diretora de relações com investidores da Iguatemi, Cristina Betts, afirmou que a companhia deve passar a basear seu crescimento na compra de participação em empreendimentos que já estão em seu portfólio. De acordo com ela, a safra de inauguração de novos projetos acabou com o lançamento da unidade de São José do Rio Preto.

Fachada do Shopping Iguatemi, em São Paulo Foto: Divulgação

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O grupo tem quatro expansões de unidades com lançamento planejado para 2015, em São Paulo, Campinas e Porto Alegre. Apenas para 2016 estão previstas as inaugurações de dois novos outlets, um em Santa Catarina e um em Nova Lima. Com o menor número de obras, a executiva disse acreditar que a alavancagem atual da empresa, que fechou 2014 em 3,1 vezes no cálculo de dívida líquida sobre Ebitda, deve ser reduzida para um nível em torno de 2 vezes a 2,5 vezes nos próximos dois anos.

A BRMalls, por sua vez, vendeu participações em seis ativos no ano passado, dos quais cinco foram completamente alienados pela companhia. No total, as negociações renderam R$ 389,2 milhões para a empresa. De acordo com a administração, o desinvestimento faz parte da estratégia de reciclagem do portfólio, que tem como objetivo se desfazer de unidades nas quais o grupo identifica uma dificuldade de aumento de participação ou entende já ter capturado boa parte do crescimento possível.

Para 2015, a operadora espera um ano ainda mais desafiador e promete voltar seus esforços para melhorias internas da operação. A empresa pretende inaugurar três expansões em 2015 e o próximo shopping a ser lançado está planejado somente para 2016.

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A direção da Aliansce, que não lançou nenhum empreendimento em 2014, também se mostrou cautelosa e afirmou que vai esperar sinais de um novo ciclo de crescimento no País antes de anunciar novos projetos. A companhia deve focar seus esforços em 2015 na expansão de cinco ativos, que juntos vão consumir um investimento líquido de R$ 68,8 milhões.

Em sua divulgação de resultados, a Sonae Sierra sinalizou vontade de continuar expandindo sua carteira de shoppings, mas ponderou que o mercado ainda vai levar algum tempo para absorver os negócios da área aberta nos últimos lançamentos. Em 2015, o grupo planeja inaugurar três expansões e garante que vai continuar a buscar alternativas para fazer crescer seus ativos.

Já o diretor financeiro e de relações com investidores da Multiplan, Armando d''Almeida Neto, está bem mais otimista. Ele afirmou que a empresa está pronta para aproveitar as oportunidades que surgirem neste ano e usar seu portfólio de terrenos e sua capacidade de crescimento. Em entrevista ao Broadcast, o executivo disse não ver 2015 como um ano diferente de qualquer outro.

A companhia deu início em 2014 às obras do ParkShoppingCanoas, no Rio Grande do Sul, e está finalizando a construção de dois empreendimentos, um residencial e um comercial, nos terrenos anexos ao BarraShoppingSul. A empresa destacou ainda em seu documento de divulgação de resultados ter 873,8 mil metros quadrados de áreas adjacentes a seus shoppings para o desenvolvimento de projetos futuros.

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Quarto trimestre

O mercado recebeu bem os resultados apresentados pelas operadoras de shopping centers no quarto trimestre do ano passado e destacou a resistência do setor às adversidades macroeconômicas. Os analistas do JP Morgan, por exemplo, avaliaram como bastante positiva a recuperação das vendas e dos aluguéis no conceito "mesmas lojas", que levam em consideração apenas as unidades abertas há mais de um ano, após a desaceleração do terceiro trimestre. O banco chamou a atenção ainda para o crescimento de dois dígitos nas receitas líquidas mesmo com o movimento mais moderado de expansão.

As vendas "mesmas lojas" da Iguatemi cresceram 8,1% nos três últimos meses de 2014 ante o mesmo período do ano anterior, enquanto os aluguéis no quesito registraram alta de 8,7%. Na Multiplan, as vendas subiram 7,9% e os aluguéis, 8,8%. A BRMalls reportou aumento de 6,5% nas vendas e 7,2% nos aluguéis. A Sonae Sierra teve expansão de 10,2% nas vendas e 11% no aluguel e a Aliansce registrou alta de 7,4% nas vendas e 7,5% nos aluguéis.

As receitas líquidas também tiveram um crescimento robusto no último trimestre, de 19,8% na Iguatemi, de 20,1% na Multiplan, 10% na Aliansce, 7,5% na BRMalls e 10,6% na Sonae Sierra.

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