Meta de zerar déficit em 2024 é apertada e falta ênfase nos gastos, diz Armínio

Ex-presidente do Banco Central alertou que falta um pouco de atenção ao gasto público, com falta de priorização nas despesas

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BRASÍLIA - O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga alertou que a meta do governo de zerar o déficit das contas públicas em 2024 será muito difícil de ser cumprida. Segundo ele, falta um pouco de atenção ao gasto público, com falta de priorização nas despesas.

”Falta mais ênfase no gasto. Estamos fazendo um ajuste muito focado nas receitas, e esse desequilíbrio precisa ser revisto”, afirmou, em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional. “As metas conjuntas definidas pelo governo e o Parlamento são muito apertadas para cumprir; mas, ao mesmo tempo, não deixam margem de segurança”, completou.

Ex-presidente do Banco Central alertou que falta um pouco de atenção ao gasto público, com falta de priorização nas despesas  Foto: Clayton de Souza/ Estadão

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Fraga lembrou que mesmo o cumprimento das metas do arcabouço fiscal – nova regra para controle das contas públicas – manterá a dívida pública em trajetória de crescimento nos próximos anos. “A sustentabilidade da dívida é parte necessária de um caminho para a prosperidade do nosso País, não apenas para crescer, como para evitar caminhar para trás. Esse vaivém da economia é extremamente prejudicial ao espírito empreendedor e inovador”, acrescentou. “A situação fiscal também é pilar fundamental para a redução da taxa de juros.”

Para o economista, tem havido uma grande dificuldade em se observar os elementos básicos da responsabilidade fiscal no Brasil nos últimos anos. “Há um desconhecimento dos grandes desequilíbrios que em algum momento terão de ser encarados. Eles incluem revisitar os números da Previdência – cuja tendência dos números é horrorosa”, apontou.

O ex-presidente do BC considerou ainda que um Orçamento bem construído dá ao governo a possibilidade de voltar a fazer políticas anticíclicas. O economista destacou que o País precisa ter capacidade de responder a emergências de várias naturezas, sejam geopolíticas ou eventuais novas pandemias.

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