Os governos do México e do Canadá expressaram preocupação diante das novas tarifas prometidas pelos Estados Unidos para este sábado, 1°. A medida anunciada pelo presidente Donald Trump e confirmada pela Casa Branca prevê uma tarifa de 25% sobre importações mexicanas e canadenses, afetando setores estratégicos como o automotivo, o agrícola e o de semicondutores dos países norte-americanos. Os produtos importados da China também devem ser taxados em 10%. O governo americano não detalhou se haverá isenções.
Nesta sexta-feira, 31, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, ressaltou que seu governo tem mantido diálogo constante com Washington e que a Cidade do México conta com um fundo para se proteger das tarifas.
“Temos um plano que vai muito além de um fundo e de uma análise muito exaustiva das implicações que as tarifas poderiam ter. Então, existe um plano. Por isso, digo: estamos preparados para qualquer cenário. Evidentemente, estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para evitar que se chegue a um cenário desse tipo e sempre manteremos o diálogo”, afirmou.
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Sheinbaum também destacou que o México possui um plano “desde que o presidente Trump anunciou isso, meses atrás, mesmo antes da eleição, quando já havíamos assumido o governo”. “Ele já havia mencionado isso (as tarifas) em sua campanha. Existe uma equipe de trabalho preparando tudo isso, também em coordenação com diferentes setores.”
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A presidente ainda afirmou: “Que o povo do México saiba que, diante de uma circunstância que possa surgir, estamos preparados. Temos um plano e buscamos sempre o diálogo com o governo dos Estados Unidos, pois, como bem se menciona, a possibilidade de uma tarifa também afeta fortemente a economia dos Estados Unidos e dos norte-americanos.”
No Canadá, na quarta-feira, 29, o primeiro-ministro Justin Trudeau já havia reforçado a disposição de seu governo em tomar medidas de retaliação. Em uma publicação no X, ele escreveu: “Cada parte do nosso país seria impactada pelas potenciais tarifas dos EUA. Estamos todos prontos para emitir uma resposta nacional forte se necessário”, declarou Trudeau.
O premiê do Canadá também destacou que não desistirá até que todas as tarifas sejam definitivamente removidas. “Tudo está em pauta. Se forem necessárias medidas retaliatórias, tudo o que fizermos será justo em todo o país”, disse.
Nesta sexta, ele afirmou que o país está “em um momento crítico” e esperando por “tempos difíceis” devido à iminente imposição de tarifas e garantiu que os canadenses estão prontos para responder. “Qualquer resposta do Canadá às tarifas será deliberada, firme e imediata.”
“Não é o que queremos, mas se ele (Trump) avançar, agiremos”, acrescentou. “Eu não vou minimizar a situação. Nossa nação pode ter que enfrentar tempos difíceis nos próximos dias e semanas. Sei que os canadenses podem estar ansiosos e preocupados. Quero que saibam que o governo federal está ao lado deles”, completou Trudeau.
Mesmo a imposição imediata exigiria de duas a três semanas de aviso público antes que a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA pudesse começar a cobrar, com base em ações tarifárias anteriores.
Trump disse na quinta-feira, 30, que em breve decidiria se aplicaria as tarifas às importações de petróleo canadense e mexicano, uma indicação de que ele pode estar preocupado com o impacto delas nos preços da gasolina. O petróleo bruto é a principal importação dos EUA do Canadá e está entre as cinco principais do México, de acordo com dados do US Census Bureau.
Tanto México quanto Canadá reforçam sua posição contrária às tarifas e enfatizam a importância do diálogo. “Continuamos preparados para qualquer cenário, mas priorizamos a negociação e a cooperação econômica”, concluiu Sheinbaum.