No ano em que a agência de publicidade Betc Havas completará dez anos no mercado brasileiro, a companhia traz Carol Boccia para dividir a presidência do negócio com Diego Alonso e com o CEO e fundador da marca, Erh Ray. A executiva assume a cadeira deixada, em setembro do ano passado, por Marcos Lacerda.
Carol liderou por 12 anos as operações da Africa Creative e antes teve uma passagem de dez anos pela Almap BBDO. Ao longo da sua carreira, a atual co-presidente chefiou a gestão de marcas como Brahma, Budweiser, BRF, Vivo, Heinz, O Boticário, J&J, Philips, P&G, entre outras.
Agora a executiva deve chefiar a agência que foi listada pelo Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário, o Cenp-Meios, como a maior agência em nível de investimentos de mídia no País em 2022, e será a responsável pelos negócios de clientes como Santander, Tim, Citroën, entre outras.
A chegada de Carol à BETC Havas ocorre em meio às movimentações do mercado publicitário que trouxeram mais mulheres para os cargos mais altos das agências, como no caso Renata Bokel, anunciada nova CEO da WMcCann, Gláucia Montanha que passou a ser CEO da Artplan São Paulo, e Karina Ribeiro, que assumiu a liderança da nova marca VML, após a decisão do grupo WPP de unir a Wunderman Thompson e VMLY&R.
Para Fábia Juliasz, CEO da Marketdata e vice-presidente de dados da VML para a América Latina, os anúncios das quatro executivas como principais lideranças dentro das agências não devem ser vistos como uma coincidência, mas sim como parte do reconhecimento do mercado nacional à liderança feminina nas empresas. “É essa combinação de interesse legítimo em atender os tomadores de decisão - clientes, acionistas e equipe -, e que requer a capacidade de fazer muitas coisas simultaneamente e com qualidade, que muitas mulheres valorosas aportam às corporações”, avalia Fábia.
Na avaliação de Renata Bokel, que assume a cadeira de CEO da WMcCann em 1º de março, a chegada das colegas de profissão aos postos mais altos das agências deve potencializar os negócios no País. “Afinal, novos tempos pedem novos olhares e por que não um olhar feminino e contemporâneo para o futuro dos nossos negócios”, diz a executiva. “Existem diversos estudos que comprovam que mulheres na liderança são mais eficazes e trazem resultados de negócios. Essa combinação de competência, feminilidade, maternidade e gana da mulher brasileira é muito inspiradora.”
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Convite
Carol contou que entre o primeiro contato com os executivos da agência, o convite e a decisão de deixar o cargo anterior para chefiar a nova casa levou pouco mais de quatro meses. Antes de tomar a decisão, ela lembra que avaliou as perspectivas na antiga empresa e também as suas expectativas em relação à carreira para os próximos anos.
“Foi uma decisão muito pensada. Olhando para o futuro, eu só seria presidente na Africa daqui uns cinco anos. Este era o momento para eu ser presidente de uma agência. O ‘timing’ era agora, até por causa deste movimento de grandes empresas colocando mais mulheres para assumir a presidência”, disse Carol em entrevista ao Estadão.
Desafios futuros
Ainda se organizando na “casa nova”, além dos encontros com os atuais - e futuros - clientes da marca, Carol espera se dedicar na BETC Havas a um processo de fomento da carreira de jovens publicitários, com foco em diversidade, para gerar mais lideranças dentro da criatividade e dos negócios. “Nós temos essa obrigação de puxar os novos profissionais e acolhê-los dentro da agência”, disse a co-presidente. “Além de educar as pessoas, isso ajuda a fortalecer a cultura da empresa”, complementa.
Fora da pauta de diversidade, a co-presidente também espera auxiliar a companhia em um processo de expansão do negócio, seja de maneira orgânica ou inorgânica, com possíveis aquisições de empresas de atuação complementar à agência. “Pensando no futuro, é essa expansão (do negócio) que me atrai”, enfatiza.
Também recém empossada na cadeira de presidente na VML, Karina Ribeiro comemorou a chegada de mais uma mulher à alta gestão - o que, segundo ela, deve fortalecer a indústria como um tudo. “O que eu diria, ou desejaria para as minhas colegas de profissão é que possamos ajudar a criar cultura corporativa de pertencimento, em que cada pessoa possa expressar a sua individualidade e, por meio dela, fortalecer a coletividade e a indústria”, disse a executiva da VML.
Segundo integrantes do mercado publicitário ouvidos pela reportagem, que aceitaram falar sob anonimato, a escolha de Carol pela BETC Havas foi vista de maneira positiva, já que a executiva possui um bom trânsito com os clientes, o que deve ajudar tanto nas operações dos atuais clientes e como em futuros negócios.
“Ela é uma profissional típica de agência, que faz relacionamento e fecha negócios”, disse um executivo do setor. Ainda conforme os relatos de interlocutores próximos ao mercado das agências, a decisão pessoal da nova co-presidente levou em consideração a dificuldade de ascender ao mesmo cargo na sua antiga agência, hoje chefiada por Sérgio Gordilho Márcio Santoro.
