Em meio às discussões sobre o anúncio de mudanças nas regras para taxação de compras feitas em sites de vendas internacionais - conhecidos como lojas de crossborder, no termo em inglês-, uma dúvida que foi ressuscitada nas redes sociais é sobre a pronúncia correta dos nomes dos principais e-commerces de origem asiática que atuam no País. Empresas como Shein, Shopee e AliExpress ganharam notoriedade pela divergência na forma como os consumidores brasileiros têm pronunciado cada uma delas.
Mas, afinal, qual a forma correta? Em alguns casos, as próprias companhias já se manifestaram publicamente sobre a pronúncia, e no caso das subsidiárias que atuam no Brasil, até se a marca é “ela” ou “ele”.
Lilian Carvalho, professora de marketing da FGV, explica que de tempos em tempos novas marcas que desembarcam no País costumam viver o mesmo “dilema” de ter de ensinar o público a forma mais correta de se referir ao negócio. A professora lembra que de bancos como o Santander a rede de mercearias Oxxo, as companhias vêm seus nomes sendo “abrasileirados” pelos consumidores do País, o que pode se transformar em uma ferramenta positiva para elas.
Para a especialista, os questionamentos sobre os nomes podem ser uma oportunidade de ganhar visibilidade e angariar novos consumidores que acabam sendo impactados por esse tipo de discussão. “É interessante quando a marca usa isso de forma bem humorada, para acolher todas as formas de expressão em relação ao seu negócio, porque o consumidor não quer se sentir envergonhado por falar errado o nome”, afirma Lilian.
A gigante chinesa do e-commerce Shein, foi uma das marcas que utilizou o Twitter para desmistificar a forma de pronunciar seu nome. Na sua conta oficial da rede, a marca confirmou: “SHE-IN”, não SHINE ou SHEEN”, escreveu na publicação em inglês. Por aqui, é comum ver brasileiros se referindo à marca como “Xáin’, ‘Xêin’ ou ‘Xin’, mesmo após a publicação com a explicação da companhia. Seguindo o padrão explicado pelo marketplace, o fonema correto em português seria “Xi-in”.
A explicação para tal pronúncia está ligada ao “nome original” da marca, fundada em 2008, inicialmente como “She Inside”, logo que foi substituído na companhia em 2015, quando o e-commerce chinês passou um uma reformulação da sua marca e adotando a forma abreviada do nome Shein.
Outro negócio que viu seu nome ganhar novos fonemas no País foi o AliExpress. Ao Estadão, o marketplace do grupo Alibaba explicou que a pronúncia correta da marca é com a sílaba tônica no início da palavra. Outro tópico esclarecido pela companhia é quanto ao gênero “correto” para se referir ao negócio. “Nós utilizamos ‘O’ AliExpress”, afirmou em nota o marketplace chinês.
Quem também esclareceu a forma “correta” de pronunciar seu nome foi a Shopee. O site de compras de Cingapura explicou à reportagem que o certo é dizer “Shó-pi”, e não “Shô-pi” como falado por alguns consumidores. “Shó com a vogal O aberta”, afirmou a companhia.
Lilian Carvalho, da FGV, lembra que em outros casos demonstraram o poder de aderir à forma como o público em geral menciona as marcas, a exemplo do Mcdonald’s, que no Brasil internalizou o uso do termo “Méqui” nas sua comunicação, levando o jeito brasileiro de chamar pela rede de fast food até à fachada da sua unidade mil no País. “Eu acredito que essa é uma postura moderna do marketing das empresas quando elas chegam no País”, avalia.
Menino ou menina?
Além das dúvidas sobre a forma correta de se pronunciar o nome das marcas de maneira correta, outro ponto que gera discussões no País quando “importamos” algumas companhias é em relação ao gênero utilizado pelas empresas.
Uma das companhias que já cravou seu gênero em português foi a gigante do streaming Netflix. Ao ser questionada por um usuário nas redes sociais, a marca respondeu: “A Netflix. Sou ‘menina’”, escreveu a companhia.
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