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Momentos de incerteza despertam criatividade no mundo, diz CEO global da LePub

Bruno Bertelli é o nome por trás da marca ‘mais jovem’ do gigante francês Publicis Groupe, que nasceu como um divisão para atender exclusivamente à Heineken, mas ganhou terreno com novos clientes

Foto do author Wesley Gonsalves
Foto: Divulgação LePub
Entrevista comBruno BertelliCEO global da agência de publicidade LePub e vice-presidente de criatividade da Publicis

Para o CEO global da LePub e vice-presidente de criatividade da Publicis no Mundo, Bruno Bertelli, são nos momentos de maiores incertezas sociais, políticas e econômicas que a as mentes criativas conseguem se expressar melhor e desenvolver as melhores ideias. Com isso, um país como Brasil, que historicamente enfrenta uma série de questões, acaba se transformando em um grande espaço de oportunidades para a indústria da criatividade. “No Brasil, por exemplo, o fato de termos passado por uma crise econômica tornou as pessoas ainda mais criativas, mais reativas”, diz o executivo.

Em entrevista ao Estadão, Bertelli, que é o nome global por trás da agência que pertence ao gigante francês Publicis Groupe, comentou sobre os planos da marca no País e os desafios de transformar a nova agência em uma potência com presença global. Atualmente, a marca “mais jovem” possui escritórios em Milão, Roma, Amsterdã, São Paulo, Cidade do México, Cingapura e Johanesburgo se prepara para, em breve, chegar a Istambul.

Inicialmente, a Le Pub nasceu como um divisão de negócios do Publicis Groupe que atenderia exclusivamente à gigante de bebidas Heineken globalmente, porém, com o sucesso da operação, a holding decidiu expandir a atuação, tanto territorial quanto em escopo de clientes. “O motivo pelo qual abri esses escritórios em todo o mundo é para ter pelo menos uma agência para cada continente”, avalia Bertelli.

O executivo é o nome por trás do projeto de expansão da marca "mais jovem" do gigante francês Publicis Groupe, que inclui o escritório no Brasil Foto: Divulgação LePub

Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Em meio a tantas pressões de guerras, fatores econômicos, problemas sociais, qual o impacto desse cenário atual que nós vivemos na criatividade para o sr.?

Na verdade, você sabe que, historicamente, os mercados e os países que foram mais criativos o foram quando estavam sofrendo. Há uma frase famosa sobre a Itália, você sabe, na época dos Bórgias, que matavam as pessoas por envenenamento, guerras e assim por diante, foi capaz de produzir Leonardo da Vinci e Michelangelo da Renascença. Enquanto a Suíça, em três séculos, sem guerra e com paz, só foi capaz de produzir o relógio do cuco. Então, na verdade, problemas e dificuldades ajudam a criatividade.

No Brasil, por exemplo, o fato de termos passado por uma crise econômica tornou as pessoas ainda mais criativas, mais reativas e assim por diante. Portanto, hoje a criatividade não existe sem o confronto com o que está acontecendo lá fora.

O sr. disse que momentos de crise são oportunidades para a criatividade. O Brasil, por exemplo, passou por diversos momentos de incertezas políticas e econômicas nos últimos anos. Mesmo assim, o senhor decidiu escolher o País como um endereço para expandir os negócios da Le Pub. O que torna o Brasil uma alternativa de investimentos da companhia tão atrativa?

São dois fatores principais. Um deles é o Brasil como mercado. Ele é muito sensível à criatividade. Portanto, é muito reativo, o que significa que, se você fizer um bom trabalho, os clientes baterão à sua porta, muito mais do que em outros mercados. Portanto, as empresas são muito sensíveis à boa criatividade.

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O segundo ponto é que o Brasil está sim passando por tempos difíceis, mas uma característica do Brasil é que ele é muito reativo em termos de mudança de tempos ruins para tempos bons, de crise econômica para renascimento econômico. Portanto, o que acontece no País é que essas ondas são muito mais rápidas do que em outros mercados. Por exemplo, a Europa é muito mais lenta na retomada econômica do que o Brasil. Aqui, por exemplo, o que as pessoas fazem, em uma crise econômica, em vez de ficarem trancadas em casa e reclamarem, elas pensam “eu vou aproveitar a vida um pouco mais” ,então, elas compram produtos, consomem e a economia volta a crescer.

E claro, que o Brasil é obviamente um mercado extremamente criativo, onde se encontra facilmente bons talentos no mercado da criatividade.

Qual a importância do escritório brasileiro de Le Pub e do Brasil nos negócios da agência?

O Brasil está se tornando grande para nós. Não estávamos esperando um crescimento tão grande em um curto espaço de tempo, o que é um trabalho incrível. O foco no Brasil são as marcas internacionais que estão sediadas no Brasil e que são relevantes no Brasil. Por exemplo, começamos, como você sabe, como um agente sob medida para a Heineken.

E agora começamos a trabalhar com a Heinz. Estamos começando a trabalhar com a Mondelez e muitas outras grandes empresas e marcas, portanto, a ideia ainda é trabalhar para marcas grandes, com um ângulo internacional. Portanto, essa é mais ou menos a meta para o Brasil. Mas, como eu disse, a expansão que está acontecendo com o público é incrivelmente de um ano e meio para cá. Temos cerca de cinco ou seis novos clientes e o agente está realmente se expandindo.

Por falar em oportunidades. Le Pub tem ampliado sua presença aqui no País e em outros escritórios. Como é crescer uma marca que nasceu para ser uma ‘butique criativa’, ganhar novos clientes sem perder o DNA da criatividade que, justamente, diferencia o negócio?

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O motivo pelo qual abri esses escritórios em todo o mundo é para ter pelo menos uma agência para cada continente. Por exemplo, tenho uma agência em Johanesburgo para a África. Tenho uma agência em Cingapura para a Ásia, eu tenho uma agência no Brasil. Agora tenho uma agência no México. Portanto, o objetivo é ter pelo menos um escritório que monitore cada região. Hoje, os clientes para os quais trabalho são principalmente clientes internacionais e globais. Mas hoje, para administrar um cliente global, é preciso administrar um negócio global e ter uma campanha local. Não é como há 10 ou 15 anos. Quando você desenvolvia um grande filme publicitário que era adaptado para o mundo inteiro. Hoje, você precisa começar com percepções locais dessas campanhas.

Portanto, é preciso ter uma estratégia global, mas que seja implementada e concretizada localmente, muito mais do que no passado. As marcas globais precisam ter essa abordagem local, que faz toda a diferença.

Muito se falou nos últimos anos sobre o uso da Inteligência Artificial como ferramenta criativa. Para uma agência cujo DNA é a entrega através da criatividade, como o sr. vê o avanço dessas ferramentas? Como isso pode impactar o futuro do mercado para os novos criativos?

No momento, a IA é uma ferramenta técnica. É exatamente como no final dos anos de 1990, quando as ferramentas de pós-produção surgiram. Se eu tiver que dar um conselho aos jovens criativos agora, se vocês forem capazes de respirar e trabalhar, vocês terão uma longa e longa carreira, a IA é apenas uma ferramenta e a única coisa que ela fará é tornar nossos processos de produção, digamos, mais rápidos. Portanto, a velocidade é um elemento fundamental para a criatividade, e a IA permitirá que, com certeza, esse seja um problema resolvido.

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