A Vivo decidiu usar sua a área VIP no Lollapalooza, um dos principais festivais de música do País, para divulgar o trabalho de cerca de 100 empreendedores negros de todo o Brasil e fomentar, assim, o “Black Money”, ou o “dinheiro preto” (em tradução livre), como forma de combater o racismo estrutural no País. A empresa já tinha convidado apenas pessoas pretas para assistir o festival na edição passada.
Marina Daineze, diretora de marca e comunicação da Vivo Brasil, conta que, após o sucesso da última edição, a empresa decidiu ampliar o projeto. Agora, influenciadores, produtores, cabeleireiros, maquiadores, tatuadores, diretores, estilistas, designers, entre outros profissionais negros, estarão no centro da conversa da companhia no evento. “O que nós queremos é movimentar esse ecossistema e dar mais visibilidade para esses empreendedores negros durante o festival”, afirma.
Na avaliação de Viviane Moreira, da Zeka Educação Digital, com a nova etapa do “Presença Preta”, a operadora de telefonia mostra a importância de pensar as ações raciais não apenas em datas comemorativas, mas em meio a um planejamento de médio e longo prazo, o que mostra o comprometimento da companhia com as questões raciais. “A Vivo é a prova de que é possível parar, ouvir a comunidade e construir ações que se conectam verdadeiramente com o público”, afirma.
‘O futuro é um corre coletivo’
Em 2022, como patrocinadora do Lolla Lounge - área VIP do festiva - a Vivo destinou 100% da sua cota de ingressos para convidar exclusivamente colaboradores e influenciadores pretos para o evento de música. À época, a companhia utilizou a plataforma para divulgar o seu serviço de internet 5G no Brasil, com a temática do afrofuturismo. Repetindo a ação do ano anterior, novamente, a Vivo irá direcionar parte dos seus ingressos para convidar funcionários, colaboradores e influenciadores negros do País.
Se no ano passado, a pauta da operadora de telefonia foi o combate ao elitismo nos eventos de música, em 2023 o foco será fomentar a economia negra, levando os artistas do “line up”, o público na plateia e os empreendedores negros para o festival de música. “Tem um provérbio africano que diz: se quiser ir longe, vá acompanhado. Quando um de nós chega no palco, uma tropa inteira chega junto”, diz o rapper L7nnon, novo embaixador da Vivo no festival de música.
Outro ponto importante da nova fase do projeto é a continuidade em relação a internet móvel de quinta geração no Brasil, com foco na inteligência artificial.
Para divulgar a edição de 2023, a agência de publicidade VML&R criou o mote “O futuro é um corre coletivo” e utilizou a inteligência virtual para produzir cenários e personagens negros que reflitam a população negra do País.
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Marina, da Vivo, conta que a iniciativa é uma tentativa da companhia de “educar” a tecnologia para evitar que essas ferramentas reproduzam discursos racistas vistos com frequência neste tipo de projeto. “Nós queremos enviesar a inteligência artificial para criar referências negras para o futuro. Não é só uma campanha momentânea, é a nossa plataforma de longo prazo. Porque para a marca ser relevante se conectar com os clientes, eles precisam, primeiro, se identificar e se ver nas nossas campanhas”, enfatiza.
O material produzido pelos aplicativos de inteligência artificial será utilizado pela Vivo nas ativações das redes sociais e também na mídia out of home, no mobiliário urbano, além de estampar as campanhas da empresa na TV.
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