Primeira mulher a presidir associação de agências de publicidade quer gestão com ‘diversos rostos’

Márcia Esteves, que também é CEO da agência Lew’Lara/TBWA, defende que diversidade dará à Abap um ‘olhar bastante abrangente sobre o mercado’

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Atualização:
Foto: ALEX SILVA/ESTADAO
Entrevista comMárcia EstevesCEO da Lew'Lara/TBWA e presidente da Associação Brasileira de Agências de Propaganda

Primeira mulher a chefiar a Associação Brasileiras de Agências de Propaganda (Abap) em 74 anos, Márcia Esteves quer fazer uma gestão focada na diversidade de gênero, raça, oriental sexual e de regiões de origem. “Eu acredito muito na inteligência coletiva. Já é tempo da Abap ter não só um rosto feminino na gestão, mas ter especialmente diversos rostos, o que nos dará um olhar bastante abrangente sobre o mercado publicitário”, diz a executiva, que também é presidente da agência Lew’Lara/TBWA.

A executiva é a primeira mulher em 74 anos da Abap a presidir a entidade de classe Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Em entrevista ao Estadão, ela falou dos desafios que devem nortear a sua gestão e como a planeja organizar o time que trabalhará ao seu lado pelos próximos dois anos na Abap.

Veja os principais pontos da entrevista.

Quais foram os seus primeiros passos como primeira presidente da Abap?

Eu oficialmente assumi a Abap em 1º de junho. De lá para cá, ainda temos algumas definições estatutárias, questões burocráticas de cartório, porém, bastantes importantes. Nós já contratamos um serviço de consultoria que está nos ajudando a entender o nosso mercado para começar essa nova gestão de forma mais correta, especialmente da forma mais abrangente e correta possível.

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Estamos traçando um plano para os próximos dois anos com os principais objetivos da Abap de como podemos apoiar o nosso mercado. Eu também já estabeleci a vice-presidência e toda a diretoria estatutária neste momento, o que era mandatório pelo nosso estatuto.

Como foi feita a formação da nova gestão?

Acredito muito na inteligência coletiva. Já é tempo não só da Abap ter um rosto feminino na gestão, mas especialmente ter diversos rostos, o que nos dará um olhar bastante abrangente sobre o mercado. Temos um desafio que é: a Abap não se faz apenas em dois anos, essa é uma história de mais de 70 anos. Então, eu tenho que olhar todo esse “filme”, ver como trazer as pessoas que já participaram dessa história e como olhar para o futuro. Eu tive que tomar o cuidado de garantir a continuidade do que vinha sendo feito e, ao mesmo tempo, garantir que terá espaço para o novo. Eu escolhi pessoas que me ajudam a construir pontes.

Como estão as conversas com os nomes do mercado publicitário?

Nós temos feito amplas conversas com os líderes das agências. Estou literalmente tentando conversar com todos os nomes Brasil afora, o que leva um certo tempo. Mas é importante porque, além da escuta ativa, ajuda a entender o que cada um gostaria de ver nessa nossa nova gestão. A Abap está começando a se estruturar nessa nova gestão.

Como é ser a primeira mulher à frente da Abap?

Eu tenho uma enorme dificuldade de “falar antes de fazer”, mas numa posição como esta eu tenho que falar e depois entregar, eu tenho que desenhar um plano, falar e entregar. Tem uma série de elementos que me geram uma certa ansiedade nesse trabalho, de lá na frente entender o que nós conseguimos conquistar neste período. Por outro lado, quanto mais os dias vão passando, eu fico mais confortável e mais feliz, primeiro com a abertura que tenho recebido do todo o mercado e mais os sinais de carinho e respeito já acontecem no setor.

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Como você pretende trabalhar a pauta de diversidade na sua gestão na associação?

De uma forma muito clara, nós estamos dividindo nosso trabalho em quatro grandes objetivos, e um deles é a governança, que passa pela questão de diversidade, igualdade e inclusão, algo muito importante para nós. É mais que um compromisso. O que nós fizermos na minha gestão da Abap será para tudo e para todos.

'Nós queremos demonstrar o valor da criatividade para as marcas' diz a presidente da Abap Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

A sra. ficará à frente da presidência da Abap pelos próximos dois anos. Como vê o futuro do mercado publicitário nesse período?

O papel da nossa entidade é criar os espaços de conexão e condição para que as agências possam conversar e trazer as suas dificuldades, criando um ecossistema com possíveis caminhos para o mercado. As soluções nós teremos que encontrar juntos. Mas nós vamos, sim, ter espaços para trazer pesquisas, dados, eventos e a capacitação do setor, para ver as dores comuns e pensar em soluções futuras.

Neste contexto, eu me sinto confortável em dizer que nós vamos conseguir discutir sobre esses temas, as dificuldades e as oportunidades. Sobre o futuro, o que nós faremos é ter um planejamento com objetivos muito claros e vamos “replanejando” o que for necessário no dia a dia.

O que a sra. não abre mão de entregar para a Abap no fim do seu mandato na entidade?

Que as agências de publicidade voltem a ter valor no nosso ecossistema, que hoje existem dúvidas sobre. Muito tem se discutido sobre o real valor das agências de publicidade. E nós queremos demonstrar o valor da criatividade para as marcas. Houve nessa fragmentação do mundo os valores se perdendo. É tempo de nós nos reunirmos como grupo e demonstrar o nosso valor, porque boas ideias vendem e fazem com que as marcas durem por muitos anos.

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