BRASÍLIA - Alvo de disputa interna desde a vitória do presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva, o comando do futuro Ministério do Planejamento e Orçamento está entre o economista André Lara Resende, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (PT-MG). A definição envolve uma série de variáveis políticas e pode frustrar as expectativas de uma equipe econômica plural - isto é, para além do PT, como sinalizou Lula ao longo da campanha.
Mesmo após a sinalização negativa do ex-BC Pérsio Arida, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestava nos bastidores o interesse de ter alguém “não petista” no Planejamento. Nesse desenho, o nome de Lara Resende ganhou força. O economista foi convidado para a pasta na semana passada, mas não aceitou. Desde então, Lula, Haddad e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin tentam fazê-lo mudar de ideia.
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A resistência de Lara Resende, porém, levou Lula a avaliar Simone Tebet para a vaga, cenário que se tornou uma possibilidade concreta após o senador eleito Wellington Dias (PT-PI) ser nomeado no Ministério do Desenvolvimento Social. O plano A do PT para Tebet era o Ministério do Meio Ambiente, que, no entanto, deve ficar com a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP). Pesam contra Tebet, que resiste a ser ministra do Planejamento, suas diferenças programáticas com Haddad e com a futura ministra da Gestão, Esther Dweck.
Se nem André Lara Resende nem Simone Tebet, de fato, toparem o Planejamento, o nomeado deve ser Reginaldo Lopes, como revelou o Estadão na sexta-feira. Economista de formação, Lopes foi um dos negociadores da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição na Câmara e teve a articulação elogiada pela cúpula petista. Ele tentou assumir o Ministério da Educação, mas acabou preterido. O senador eleito Camilo Santana (PT-CE) vai tocar o MEC.
Se isso ocorrer, haverá uma trinca petista na economia: Haddad, Lopes e Esther. Só o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) ficaria nas mãos de alguém mais ao centro, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.
O senador eleito Renan Filho (MDB-AL) também foi convidado para o Planejamento e sinalizou positivamente à cadeira, mas acabou boicotado pelo próprio partido, que gostaria de uma pasta mais política. O parlamentar deverá assumir o Ministério dos Transportes.
A resistência dos setores de centro a assumirem o Planejamento se deve, como mostrou a reportagem, ao fatiamento do Ministério da Economia em quatro, que resultou em uma pasta relativamente esvaziada, e ao apetite do PT por cargos. O Planejamento cuidará do orçamento e de projetos de longo prazo, e o RH do Estado ficará nas mãos de Esther Dweck, que foi secretária de Orçamento de Dilma Rousseff (PT).
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