BRASÍLIA – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, endossou as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central e pediu “sensibilidade” ao banco para reduzir a taxa básica de juros no País.
Insatisfeito com o Banco Central, que na semana passada manteve a Selic em 13,75% ao ano, Lula tem protagonizado uma ofensiva sobre o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, também pelo fato de ver nele um bolsonarista no governo.
“O presidente Lula sabe que a diminuição da taxa de juros facilita e impulsiona o emprego e a renda, facilita os investimentos e consequentemente, facilita um ciclo virtuoso. É o que ele tem deixado claro de forma contundente”, declarou Silveira no Palácio do Planalto.
“Não é embate [com BC], é posição de governo, que ele [Lula] teve na campanha e agora continua tendo, o que é extremamente legítimo. Espero que sensibilize o Banco Central para que possamos realmente, na medida do possível, diminuir a taxa de juros”, acrescentou.
Petrobras
Silveira afirmou que o governo federal ainda não fechou qual será a mudança na política de preços da Petrobras desejada por Lula. A discussão deve ser aprofundada nas próximas semanas e debatida “com serenidade”, disse o ministro de Minas e Energia. “Nada sobre política de preços da Petrobras pode ser afirmado como decisão de governo”, afirmou.
Ele disse que Lula quer revisar a política de investimento da Petrobras e a paridade de preços internacionais adotada pela estatal precisa ser discutida “com transversalidade” no governo. “Toda política de preços tem causas e consequências”, disse.
De acordo com Alexandre Silveira, os nomes de conselheiros da Petrobras ainda não foram definidos e o governo escalou um “headhunter”, especialista em recrutamento, para buscar bons quadros para as vagas.
“O presidente sempre se manifestou na possibilidade de revisão no plano de investimentos da Petrobras. Isso sim. Agora, política de preços é uma discussão que vai se aprofundar nas próximas semanas”, disse.
Eletrobras
O ministro de Minas e Energia fez coro às críticas do presidente Lula às privatizações da Eletrobras e afirmou que os termos do processo deixaram o Estado brasileiro em desvantagem.
Ontem, Lula anunciou que a Advocacia-Geral da União (AGU) vai entrar na Justiça contra as cláusulas do processo de privatização da Eletrobras. Ele citou a trava para reestatização da empresa, que exige o pagamento do triplo da maior cotação do papel alcançada em dois anos para fazer uma oferta pelas ações ordinárias.
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“Concordo que os termos da privatização deixaram o Estado brasileiro em desvantagem, apesar dos modelos de corporações hoje no mundo terem esse mesmo formato”, declarou o ministro. “Mas o fato é que isso foi aprovado no Congresso Nacional, essa é a natureza da Eletrobras hoje”, ponderou.
Silveira tentou se distanciar do assunto e afirmou que questionamentos jurídicos sobre o tema cabem à AGU. Em seguida, contudo, declarou ser preciso cobrar da Eletrobras e de “outros players nacionais” políticas públicas para o povo brasileiro.
O ministro de Minas e Energia afirmou que tem poder regulatório no ministério e quer continuar avançando na matriz de energia renovável e limpa. Em meio à crise dos ianomâmis, ele também quis diferenciar mineração de garimpo ilegal.
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