Daniel Vargas, Professor da Escola de Economia da FGV em São Paulo e da Escola de Direito da FGV no Rio de Janeiro
Em pouco mais de um ano, hospedaremos o maior evento climático do planeta: a COP30, na Amazônia brasileira.
Duas perguntas centrais devem estar na base de nossa preparação daqui até lá.
A primeira já está mais ou menos clara: o que o mundo espera da COP30 e do Brasil? Será o momento de negociar avanços no Acordo de Paris, renovar NDCs e metas de redução de emissões, estabelecer compromissos de adaptação, negociar fundos de perdas e danos, financiamento e proteção das florestas. Tudo isso, na verdade, já estará na mesa de negociações em Belém, queiramos ou não.
A segunda pergunta talvez seja a mais relevante e ainda menos compreendida até o momento: o que nós, brasileiros, esperamos da COP30 e do mundo? Esta pergunta e sua resposta, por sua vez, não virão dos Estados Unidos, da Europa ou da China. É papel do país-sede, o anfitrião, liderar e propor agendas que também informarão os diálogos globais.
Iremos ou não iremos colocar a agenda produtiva dos trópicos, a começar pela produção sustentável do alimento e pela segurança alimentar, no centro das discussões com o mundo?
Iremos ou não iremos debater e negociar os padrões temperados de "verde", criados com base em outra realidade, com base científica disputável, mas que insistem em comandar as perspectivas do país?
Iremos ou não iremos apresentar ao mundo a realidade dura dos amazônidas, a parcela mais pobre da população brasileira, carente em tudo - comida, infraestrutura, saúde, segurança?
Chamar o mundo para discutir, na Amazônia, a nossa realidade social, econômica e tropical, e afirmar o nosso compromisso com a produção e o desenvolvimento nacional, não é um preciosismo brasileiro. É a condição para o próprio avanço da agenda climática nos próximos anos.
O maior evento climático do planeta, em território amazônico, pode e deve ser o maior palco de discussão global sobre a realidade e a demanda produtiva nos trópicos.
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