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Na Bolsa, intervalo de tempo é crucial

Segurar o papel ou realizar lucro depende do perfil individual do investidor

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Por Estadão Blue Studio
3 min de leitura
Especial Onde Investir Foto: Getty Images

Todo investidor já ouviu a máxima de que uma carteira saudável de investimento deve ter como horizonte o longo prazo e ser diversificada, com ativos diferentes capazes de absorver oscilações bruscas do mercado. Isso não significa, contudo, que o acompanhamento dos ativos pode ficar em segundo plano – e a substituição, se necessária, escanteada. Em um mercado de ações volátil, como o atual, o desafio para o investidor que faz a gestão da própria carteira é ainda maior. Achar pontos de entrada ou de saída de um papel – sem uma estratégia predefinida ou ferramentas adequadas – pode ser uma tarefa difícil.

“Para o investidor que já fez o dever de casa, tem reserva de emergência e carteira balanceada, o momento sugere que ele espere alguma sinalização mais clara para a Bolsa. Não é hora de elevar a exposição a risco, tampouco de vender barato”, comenta Thiago Godoy, especialista em Educação Financeira da corretora Rico. Como esta não é a realidade da maioria dos investidores, acrescenta Godoy, se for preciso se movimentar deve ser com muita cautela.

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Os papéis da varejista Magazine Luiza (MGLU3) são um bom exemplo. Valendo perto de 10 centavos em março de 2016, a ação se multiplicou por 10 e foi para R$ 1 em junho de 2017. Entre junho de 2017 e novembro de 2020, chegou a R$ 27, porém no meio do caminho despencou 50% só em março de 2020, de R$ 14 a R$ 7. “Foi um tombo forte, mas quem comprou a um real poderia ter vendido a R$ 7 que ainda assim teria um ótimo ganho”, comenta Godoy.

A perspectiva de continuidade do sobe e desce da Bolsa foi reforçada por vários eventos globais, explica Erick Scott Hood, head de Produtos & Portfólios da Inter Invest. “Quebra de bancos no exterior e juros globais elevados estimulam a saída da renda variável, mas não a qualquer preço”, alerta. “Se a carteira não for adequada ao perfil de risco do investidor, dificilmente ele tolera a baixa para seguir com o ativo. Normalmente, para um investidor com perfil moderado, a fatia na Bolsa não deveria superar algo entre 15% e 20% dos investimentos.”

A dica do especialista para os momentos de alta do papel é, pelo menos, retirar uma parte do ganho ou “realizar o lucro”. “Se saiu de R$ 10 para R$ 20, o investidor pode comparar com o que teria ganho na renda fixa, em um título de inflação. Se quiser permanecer no mercado, o ideal, pelo menos, é retirar uma parte do ganho e seguir com o papel”, comenta Hood.

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O chefe da mesa de Renda Variável da Blackbird Investimentos, Gustavo Harada, reforça a importância de uma carteira diversificada e acrescenta que, neste momento, papéis de setores defensivos, como o elétrico e commodities, ganham o espaço das companhias ligadas a consumo que sofrem com juro alto. A opção de entrar ou sair de uma ação, na visão do especialista da Blackbird Investimentos, segue o mesmo princípio. Como exemplo, Harada cita as ações da PetroRio (PRIO3). Desde janeiro de 2021, os papéis da empresa acumulam perto de 115% de alta, até 24 de março. “É um ótimo desempenho, mas se olharmos apenas os últimos meses é um ativo que vem sofrendo. Quem aproveitou o ponto de corte em janeiro para vender o papel teria ganho 200% sobre janeiro de 2021. Hoje, o ganho ainda é enorme, na mesma janela de tempo, mas caiu para 115%”, explica Harada.

Para o investidor que já fez o dever de casa, e conta com um balanço adequado entre investimentos em renda fixa, renda variável e com ativos de setores e empresas distintos, comenta Ellen Steter, gerente de Estratégia da Ágora Investimentos, o trabalho de acompanhamento dos porcentuais de exposição a risco permanece. “É de suma importância que seja realizado o exercício de revisão periódica da carteira. Ao longo do tempo, bancos e casas de investimento ajustam suas recomendações ou, em outras palavras, o porcentual de alocação em cada classe de ativo, de acordo com as perspectivas de negócios”, explica Ellen. “Os fatores podem ser diferentes para cada investidor, mas o fato é que uma carteira diversificada é a grande aliada para a consistência dos retornos e da proteção do patrimônio, independentemente dos ciclos econômicos e da própria dinâmica do mercado.”

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