As medidas de estímulo à atividade econômica e de apoio financeiro à população de renda mais baixa foram essenciais para mitigar os impactos da pandemia sobre a produção e o consumo e, especialmente, sobre o orçamento das famílias. Mas o efeito dessas medidas pode ter sido mais intenso em algumas regiões e algumas cidades do País do que nas demais. Segundo a Radiografia do Endividamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), a maior oferta de crédito e o pagamento do auxílio emergencial fizeram com que, entre todas as capitais estaduais, São Paulo ficasse entre as que registraram proporcionalmente o menor número de famílias inadimplentes no primeiro semestre.
De acordo com o estudo, no fim de junho apenas 15,9% dos lares paulistanos tinham alguma dívida em atraso. É um índice bem menor do que a média brasileira no período, de 26,3%, e inferior à observada na cidade um ano antes, de 20%.
Além de a renda familiar média em São Paulo ser a segunda maior entre as capitais (a maior é a de Vitória, segundo a FecomercioSP) e de boa parte das famílias ter recebido o auxílio emergencial, a radiografia aponta outro fator que ajudou a melhorar os indicadores de endividamento na cidade. Em São Paulo, a oferta de crédito foi maior do que em regiões como o Norte e o Nordeste.
O fato de a média de inadimplência ter caído num período em que a atividade econômica teve queda muito acentuada, o desemprego subiu rapidamente e a renda real média do trabalho diminuiu mostra como a política de apoio ao consumo, por meio da maior oferta de crédito, e de auxílio financeiro para os mais pobres foi decisiva para evitar o agravamento da situação financeira das famílias. Sem essa política, números socialmente mais dramáticos teriam sido registrados no período.
A situação financeira das famílias que vivem no Estado de São Paulo é, em média, melhor do que as do restante do País. A tendência observada no Estado corrobora a que se constata na capital, de acordo com a FecomercioSP. No Estado, a parcela dos rendimentos mensais das famílias comprometida com a dívida é de 28,1%, enquanto, no País, é de 30,3%. Já as famílias paulistas endividadas correspondem a 55,6% do total, índice menor do que o observado no País, de 67,4%.
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