A crise de final de semana na Petrobras, com diversas matérias afirmando que o atual presidente da estatal estaria sendo trocado, mostra a falência do modelo de empresa de economia mista. Essas trocas e brigas em torno da Petrobras acontecem em diferentes governos. Todos querem mandar na empresa. Não é a toa que a Petrobras é a petroleira que mais troca de presidente.
As crises já começam na medida que a indicação para a presidência da empresa não é do Ministro de Minas e Energia e sim do Presidente da República. Os diferentes presidentes tem a certeza que a Petrobras é uma estatal e aí tentam de diferentes formas intervir no destino da empresa. Quem perde? O Brasil, toda a sociedade e os acionistas da companhia.
O curioso é que a política de intervenção nunca dá certo e o exemplo master foi o governo da presidente Dilma Rousseff quando subsidiou os preços dos combustíveis, provocando um rombo no caixa da empresa de algo em torno de US$ 40 bilhões. A Petrobras passou a ser a petroleira com a maior dívida, em torno de US$ 120 bilhões. Diante disso, vamos querer repetir os erros que quase levaram a empresa à falência?
Não dá para entender como o governo não aprende e insiste em errar novamente. Nem são erros novos, são os erros de sempre: trocar presidente da empresa por brigas políticas dentro do governo, usar a empresa para financiar setores como a indústria naval e querer fazer política social subsidiando o preço dos combustíveis.
Se subsidiar preço de combustíveis fosse uma boa política social, a Venezuela não estaria na atual situação econômica. Não é trocando a toda a hora o presidente da Petrobras para obrigar a empresa a fazer políticas desenvolvimentistas que vamos ter uma empresa robusta dando lucro e pagando dividendos.
Aliás, é surreal ver declarações de que a Petrobras não deve estar preocupada com o lucro e sim com o seu compromisso social. Esse é outro erro. A Petrobras faz política social quando paga royalties e impostos. Para quem não sabe a Petrobras é a maior pagadora de impostos do Brasil.
Mas a única certeza que temos é que enquanto a empresa for de economia mista esses episódios que presenciamos vão sempre se repetir. É preciso termos a coragem de decidir se privatizamos a Petrobras ou se estatizamos a empresa. Ficar, vamos dizer assim, em cima do muro só trará prejuízos a uma empresa que deveria ter como compromisso principal dar lucro, pagar impostos e dividendos. É desse tipo de empresa de petróleo que o Brasil precisa.
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