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Um Natal sem filas na Apple em Nova York, por conta do sumiço dos novos iPhones

Bloqueio de uma fábrica da Foxconn na China, principal fornecedora da empresa, causou escassez de iPhones 14 Pro e Pro Max na principal data para compras nos Estados Unidos

Foto do author Aline Bronzati

NOVA YORK - É quase Natal. Enquanto as ruas de Nova York ficam mais cheias, a icônica loja da Apple na Quinta Avenida surpreende com um público bem abaixo dos padrões da época. Alvos de disputas dos consumidores, as mesas que expõem iPhones, iPads e outros objetos de cobiça podem ser acessadas sem grandes dificuldades - para quem quiser apenas ver os produtos.

Marcar um horário para um atendimento também está bem mais fácil e é possível fazê-lo em cima da hora. Motivo? Faltam os recém-lançados iPhone 14 Pro e Pro Max. O consumidor pode até mesmo optar pela versão na cor roxa ou o de 128 gigabytes (GB), modelos menos requisitados, e ainda assim vai ter dificuldade de encontrá-los.

iPhone 14, Pro e Pro Max na loja da Apple na Quinta Avenida em Nova York  Foto: Andrew Kelly/File Photo/Reuters

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Nas demais lojas da Apple, seja em Nova York ou em Nova Jersey, a cena se repete. No site, a entrega está prevista só para o fim de dezembro, ou seja, depois do Natal. Questionado sobre o motivo da escassez dos iPhones “topo de linha”, um atendente da Apple da Quinta Avenida afirma não ter informações.

“Tivemos a paralisação na China, os protestos”, diz ele, que prefere não aparecer. Quanto ao baixo movimento na principal loja da Apple em Nova York, ele é direto: “Não temos o principal produto para vender”.

O bloqueio de uma fábrica da Foxconn na China, a principal fornecedora da Apple, no início de novembro devido à política de “covid zero” do país causou uma escassez de iPhones 14 Pro e Pro Max na principal data para compras nos Estados Unidos. Semanas depois, trabalhadores protestaram, ao serem informados de que seus salários e bônus seriam adiados.

Há exatamente um mês, a gigante emitiu um comunicado ao mercado alertando que as restrições da covid-19 afetaram temporariamente as principais instalações de montagem do iPhone 14 Pro e iPhone 14 Pro Max localizadas em Zhengzhou, na China. Na ocasião, afirmou que as remessas de ambos os modelos ficariam abaixo das expectativas e que os consumidores teriam de lidar com um maior tempo de espera.

A escassez de iPhones 14 Pro e Pro Max não afeta só o comércio dos EUA. Analistas em Wall Street afirmam que o impacto é global e atinge mercados como a própria China, onde as vendas desses modelos podem encolher 50%, e também países da Europa.

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O diretor de research da Wedbush Securities, Dan Ives, calcula que a Apple esteja perdendo em torno de US$ 1 bilhão por semana por conta da escassez de iPhones no trimestre mais importante para a companhia. “Há cerca de 10 a 15 milhões de unidades em falta por causa do que estamos vendo na China”, disse. “É uma escassez sem precedentes.”

Nos EUA, onde a situação é mais dramática, a escassez do iPhone 14 Pro e iPhone 14 Pro Max levou à uma corrida pelos modelos nas lojas da Apple. “Não sabemos quando receberemos novos estoques. Tem dias que recebemos, outros não”, diz o atendente da Apple, que sugere um monitoramento no site da empresa pela manhã. Após um dia inteiro de monitoramento no site, a busca por um modelo 14 Pro, de 256 GB, nos arredores de Nova York aponta a mesma resposta: “Não disponível hoje em 12 lojas mais próximas”.

Diante de tamanha dificuldade, o The Wall Street Journal listou dicas valiosas para os “applemaníacos” efetivarem a compra antes do Natal. A primeira: esqueça o pretinho básico. Corra atrás de um iPhone 14 Pro roxo. Uma ronda feita pela reportagem do Broadcast/Estadão na última semana identificou um único aparelho deste modelo e cor em uma loja em Nova York. Outras dicas incluem a caça por aparelhos em varejistas como BestBuy.com e Target ou nas operadoras de telefonia móvel AT&T, Verizon e T-Mobile.

Se a procura é por um iPhone desbloqueado, uma saída é partir por um recondicionado, os chamados “refurbished”. É uma espécie de “semi-novo” e um mercado bastante comum nos EUA quando se trata de eletrônicos ou eletrodomésticos.

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Para os analistas do Barclays, Tim Long e George Wang, apesar da dificuldade em encontrar um iPhone 14 Pro ou Pro Max, a perda de participação da Apple para os modelos Android deve ser “limitada”. “Alguns clientes estão trocando para modelos básicos iPhone 13 ou 14 devido à escassez de modelos profissionais do iPhone 14″, dizem, em relatório a clientes.

Luz no fim do túnel

A Foxconn informou na segunda-feira, 5, que está fazendo esforços para normalizar as operações em sua principal fábrica de montagem de iPhone. De acordo com a empresa, além de realocar capacidade de produção para outras unidades, começou a “recrutar novos empregados” e prevê que o cenário para o quarto trimestre esteja próximo ao consenso do mercado.

Os esclarecimentos foram dados em paralelo ao anúncio de seus números mensais. Em novembro, a receita da Foxconn despencou mais de 29% ante outubro e 11% na comparação anual. “A utilização da planta provavelmente melhorará em dezembro, mas achamos que ainda deve estar abaixo de 50% de sua capacidade até o fim do ano”, escrevem os analistas do Barclays. Atualmente, esse porcentual é de cerca de 30%.

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Diante das turbulências na China, a Apple acelerou seus planos de tirar o pé do país, onde centraliza a maior parte da produção do iPhone, segundo o The Wall Street Journal. A ideia da gigante da tecnologia é avançar para outros países da Ásia, bem como Índia e Vietnã. Ives, da Wedbush, calcula que de 40% a 50% da produção de iPhone poderia sair da Índia ou do Vietnã até 2025.

Em Wall Street, a escassez de iPhones segue pressionando as ações da Apple, com perdas de 2,80% no pregão de terça. Na visão de Ives, o quadro deve começar a melhorar a partir do início do ano que vem. “Por enquanto, é uma nuvem negra que estará sobre o setor de tecnologia até o início de 2023″, prevê.

Procurada, a Apple não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

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