O economista Nathan Blanche diz que a situação fiscal do Brasil é preocupante. Em uma projeção feita pela consultoria Tendências - da qual é sócio -, a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) pode saltar de cerca de 78% para 82,4% no ano que vem. “É caótico (esse aumento). Isso afeta o prêmio de risco do País, a confiança do investidor e dos agentes econômicos”, afirma.
Nathan também afirma que a decisão dos pais do Plano Real de apoiar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste segundo turno representa “um ato de responsabilidade civil de quem tem capacidade, competência e credibilidade”.
No início deste mês, os economistas Pedro Malan, Edmar Bacha, Armínio Fraga e Persio Arida, divulgaram nota conjunta de voto em Lula. “Nossa expectativa é de condução responsável da economia”, afirmaram à época.
A seguir leia trechos da entrevista.
Como o sr. avalia a situação fiscal do País?
A situação fiscal para o ano que vem é impagável. Na minha opinião, eu acho que foi por esse motivo que o Lula entrou em um entendimento com o pessoal do Plano Real. Pedro Malan e Armínio Fraga são pessoas que têm credibilidade e conhecimento para saber o que fazer do ponto de vista fiscal para o Brasil não ir para o brejo.
E como avalia a aproximação entre os economistas do Real e a campanha de Lula?
Esse pessoal do Plano Real tem credibilidade, e eles sentiram que tinham uma responsabilidade civil e consciência de que o País está indo para o brejo. São pessoas que estão indo de forma até patriótica. O Pedro Malan e o Armínio Fraga não precisam de salário nem mais de placa. Ao contrário. Estão fazendo esse movimento e aceitaram esse desafio sem uma contrapartida.
É um ato de responsabilidade civil, de quem tem capacidade, competência e credibilidade adquirida com o Plano Real. São pessoas que eu assino embaixo e coloco mão no fogo por elas. Eu acho que a sociedade deveria aplaudir essa ação. É uma coisa muito rara.
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A campanha do Lula vai acetar as sugestões, na sua avalição?
Estou muito preocupado com a situação fiscal. Muito dessa situação foi gerada por causa por causa das eleições. Esse pessoal vai apresentar soluções construtivas de como financiar esse rombo da dívida pública gerada neste ano.
E quais podem ser as consequências se nada for feito?
Com essas taxas de juros subindo, só o financiamento (da dívida) vai para bilhões de reais. A relação dívida/PIB deve sair de 78% para 82,4% do PIB. É caótico. Isso afeta prêmio de risco do País, a confiança do investidor e dos agentes econômicos. Eu acho que eles vão conseguir o melhor possível para amenizar esse choque fiscal.
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