Navios e embarcações de apoio viabilizaram 2 estaleiros

Apesar do baixo nível de tecnologia nacional nas plataformas, programa da Transpetro reativou a construção naval

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Embora o aspecto tecnológico na construção de embarcações não tenha apresentado avanços desde o início do programa de conteúdo naval no setor de petróleo, os maiores volumes de encomendas no País foram suficientes para garantir a reabertura de estaleiros abandonados e a construção de novos canteiros. Mais do que as plataformas, navios e embarcações de apoio à produção de petróleo, tiveram grande peso nesse movimento. "É inegável que houve uma evolução no setor. A indústria naval estava praticamente parada e agora experimenta grande volume de encomendas", comentou o diretor de tecnologia da Coppe/UFRJ, Segen Estefen. Nos últimos anos, o Programa de Modernização e Expansão da Frota de Petroleiros da Transpetro (Promef) contratou 46 navios de grande porte, que viabilizaram, até agora, a construção de pelo menos dois novos estaleiros: o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), já em operação, e a nova unidade do Promar, que será construída em Recife (PE).Além disso, praticamente todos os estaleiros existentes no País passaram por reformas e se modernizaram para se qualificarem a participar das licitações da Transpetro. Atualmente, há planos para a construção de pelo menos mais cinco estaleiros.Praticamente todos os grandes canteiros brasileiros têm obras do programa, que deve ter uma terceira fase anunciada ainda este ano com a perspectiva de encomendar de uma só vez mais de 50 navios, desta vez de porte maior, para dar cabo do escoamento do petróleo que deverá ser produzido no pré-sal. O petróleo será levado para refinarias que serão erguidas no Ceará e no Maranhão e exportado.Até o momento, dois navios do Promef já foram entregues à Transpetro, um pelo EAS e outro pelo Mauá. A companhia admite que teve que pagar mais caro pelos primeiros navios construídos no Brasil, mas alega que o sobrepreço era necessário para garantir a retomada da indústria naval.Desde que assumiu a Transpetro, em 2002, o presidente da empresa Sérgio Machado, lembra que é preciso mudar o paradigma do setor que "se acostumou" nos anos anteriores a fazer os afretamentos de navios petroleiros em vez de construir embarcações próprias. "O Brasil ficou mais de 20 anos sem construir um petroleiro", diz Machado.Quando assumiu, a frota da Transpetro tinha 50 navios próprios e 50 afretados. Hoje, apesar de todos os esforços na construção local, a companhia teve que atender ao crescimento da demanda interna por logística no transporte de combustíveis com mais navios afretados. No total, passam de cem as embarcações que pagam aluguel diário e representam mais de US$ 6 bilhões em divisas anualmente.Em 2002, a indústria naval brasileira chegou a um piso de 2 mil empregados. Hoje emprega cerca de 45 mil pessoas. / K.L. e N.P.

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