Conheça cinco projetos importantes de infraestrutura que se arrastam por décadas

Ferrovias, rodovia, usina nuclear e transposição de rio ilustram a dificuldade que o Brasil tem de concluir obras-chave para manter um nível adequado às necessidades de seu crescimento

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Foto do author Carlos Eduardo Valim

A dificuldade de o Brasil manter um nível próximo do ideal de investimentos em infraestrutura pode ser traduzida em alguns grandes projetos considerados relevantes para a economia, mas que nunca são concluídos. Casos exemplares são os da Ferrovia de Integração Oeste Leste-FIOL, da ferrovia Transnordestina, da usina nuclear Angra 3, da rodovia BR-163 e da transposição do Rio São Francisco.

Conheça mais sobre eles:

Transposição do Rio São Francisco

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Um dos principais exemplos de projetos que se arrastam por décadas é a transposição do Rio São Francisco. Nesse caso, pode-se dizer que até por séculos. O mais antigo plano conhecido de transposição de águas do rio, por meio de Estados do Nordeste, remonta a 1810, o fim do período colonial. Mas a ideia começou a ser levada a sério décadas mais tarde, quando, no Império, Dom Pedro II chegou perto de executar o plano.

O projeto que acabou sendo iniciado nasceu em 1985, mas só saiu do papel em 2007. Dez anos depois, a primeira parte dele foi inaugurada. O Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) é a maior obra de infraestrutura hídrica do País, e tem o objetivo de captar água para ser transportada para bacias hidrográficas do norte dos Estados do Ceará, da Paraíba, de Pernambuco e do Rio Grande do Norte.

Gerida pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), tem o objetivo de levar água para regiões secas e semiáridas do Nordeste, abastecendo açudes e rios intermitentes. É composta por dois eixos principais. O Eixo Norte leva água para cidades em Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O Eixo Leste visa abastecer as cidades de Pernambuco e Paraíba.

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A obra é dividida em cinco lotes, sendo que três já foram concluídos. Dois ainda estão em construção. No total, as obras estão com 75% de execução.

Inacabada, a transposição do São Francisco tem como objetivo levar água para regiões secas e semiáridas do Nordeste, abastecendo açudes e rios intermitentes Foto: Priscilla Buhr/Priscilla Buhr

BR-163

Com 3.579 quilômetros de extensão total, a BR-163 integra o Sul ao Norte do Brasil. O trecho mais importante faz parte do chamado Corredor Norte, responsável pelo escoamento da safra do Centro-Oeste pelos portos do Norte do País. Durante décadas, a rodovia era de terra batida, mas o governo conseguiu pavimentar e até licitar alguns trechos.

As obras foram iniciadas em 1971, no governo militar. Em 2014, dois trechos foram concedidos à iniciativa privada, permitindo maior avanço do projeto. Mas as concessões não tiveram sucesso e as melhorias esperadas ficaram no meio do caminho. Com a queda nos investimentos, houve ainda mais deterioração na estrada, que sempre foi sinônimo de problemas.

Rodovia liga Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, a Santarém, no Pará Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

Angra 3

A terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) terá potência de 1.405 megawatts, com a capacidade de gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, o suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas. A sua construção começou em 1981, mas as obras foram paralisadas em 1984, retomadas em 2010, e paralisadas de novo em 2015, quando a obra tinha avançado para mais de dois terços de conclusão, depois das investigações da Lava Jato atingirem a Eletronuclear.

A obra foi retomada em 2022 pelo consórcio Agis – formado por Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz. O governo atual planejava que a usina começasse a produzir energia elétrica entre 2027 e 2028, mas nas últimas semanas o prazo foi revisto para 2030. O valor investido até agora é de R$ 7,8 bilhões, e há estimativa que, para concluir a usina, serão necessários cerca de R$ 23 bilhões.

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O valor investido até agora na Angra 3 é de R$ 7,8 bilhões, e há estimativa que, para concluir a usina, serão necessários cerca de R$ 23 bilhões Foto: Agência Brasil

Transnordestina

A ferrovia Transnordestina, a maior obra linear em execução no Brasil, está sendo construída pela CSN e pelo governo federal. Com 1.206 quilômetros de extensão em linha principal, ela deve passar por dezenas de municípios, de Eliseu Martins, no Piauí, em direção ao Porto do Pecém, no Ceará. Inicialmente, o projeto também teria um ramal rumo ao porto de Suape, em Pernambuco. O projeto busca incentivar a produção nordestina e promover novos negócios, ao promover a integração nacional, transportando grãos, fertilizantes, cimento, combustíveis e minério.

A obra é feita com recursos da CSN, Infra (anteriormente denominada Valec), Finor, BNDES, BNB e Sudene. O projeto começou a sair do papel em 2006, com custo estimado em R$ 4,5 bilhões, e a sua atual projeção de conclusão ficou para 2029, com orçamento de R$ 15,7 bilhões. Hoje o empreendimento tem trechos inacabados e outros não iniciados.

A Transnordestina começou a sair do papel em 2006, com custo estimado em R$ 4,5 bilhões, e a sua atual projeção de conclusão ficou para 2029, com orçamento de R$ 15,7 bilhões Foto: Nilton Fukuda/AE

FIOL

Com aproximadamente 1527 quilômetros de extensão, a Ferrovia de Integração Oeste Leste-FIOL ligará o futuro porto de Ilhéus, no litoral da Bahia, a Figueirópolis, em Tocantins, ponto em que se conectará com a Ferrovia Norte Sul.

Ela tem, entre os seus objetivos, reduzir os custos de transporte de grãos, álcool e minérios destinados aos mercados internos e externos, e interligar os Estados de Tocantins, Maranhão, Goiás e Bahia aos portos de Ilhéus (BA) e Itaqui (MA).

Com previsão de conclusão em 2027, foi a primeira obra anunciada para compor o Novo PAC, o plano de investimentos do governo federal, lançado no ano passado. Para a ferrovia operar, é preciso tirar do papel o projeto do Porto Sul, que tem graves questões ambientais.

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Com previsão de conclusão em 2027, a Fiol foi a primeira obra anunciada para compor o Novo PAC Foto: Alan Santos/PR
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