5G estreia em Brasília com rede de alta velocidade, mas cobertura parcial da cidade

Cobertura do sinal ainda é parcial no Plano Piloto, mas velocidade chegou a 343 Mbps na Praça dos Três Poderes

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BRASÍLIA - O futuro das telecomunicações já começou em Brasília, mas com algumas voltas ao passado. Nesta quarta-feira, 6, o acesso às redes de quinta geração de telefonia móvel, o chamado 5G, estreou na capital federal. A tecnologia promete velocidades até 20 vezes superiores ao 4G, com consumo mais rápido de vídeos, jogos e ambientes em realidade virtual. 

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A cobertura, porém, ainda é parcial. Alguns locais na região central da cidade ainda não tinham acesso ao novo serviço, por não estarem dentro das áreas das antenas já acionadas. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), essa limitação tende a ser eliminada nas próximas semanas, à medida que as empresas de telefonia acionem mais antenas.

A agência informou que o serviço deve estar disponível em 80% da capital federal, principalmente na região do Plano Piloto, onde ficam a Esplanada dos Ministérios, o Congresso, Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto. Porém, em testes feitos pela reportagem, mesmo esses pontos ainda estão com cobertura limitada e com ampla oscilação entre as redes 4G e 5G.

Segundo a Anatel, no primeiro dia de operação, foram ativadas 348 estações rádio base (ERBs), como são conhecidas as antenas de transmissão. Esse volume equivale a 14% das 2.400 estações que operam em todo o Distrito Federal.

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5G estreia em Brasília com rede de alta velocidade, mas a cobertura na cidade ainda é parcial Foto: Joédson Alves/EFE

De acordo com a agência, o número é três vezes o mínimo exigido para início das operações. “Já no primeiro dia foram licenciadas junto à Anatel mais de 300 estações 5G, isto é, cada uma das três prestadoras já instalou, em média, mais de cem estações, o que equivale, considerando a população do DF, a uma proporção de 1 estação para cada 30 mil pessoas”, informou a Anatel.

O sinal mais forte alcançado pela reportagem ao circular por importantes pontos do Plano Piloto foi na Praça dos Três Poderes, onde a velocidade de download atingiu 343,3 megabits por segundo (Mbps) – e estava quase dez vezes mais rápida do que na rede 4G. O 5G também ficou ativo na Esplanada dos Ministérios e na entrada principal do Congresso Nacional. Já nos arredores do Palácio do Planalto, no Salão Verde – por onde passam os deputados na Câmara –, no Supremo Tribunal Federal e no estádio Mané Garrincha, a rede 5G não funcionou.

Praça dos Três Poderes Foto: Bento Viana/Governo do Distrito Federal e Reprodução
Vista aérea do Congresso Nacional, em Brasília Foto: Dida Sampaio/Estadão e Reprodução

“Não tivemos nenhuma ocorrência ou problema com nenhuma operadora. Está tudo funcionando perfeitamente, sem nenhuma interferência. O que existe é que ainda não temos a cobertura na capital inteira. Tem operadoras cobrindo 50% (de sua área total de serviço), outras cobrindo 40%. Isso representa três vezes mais do que era obrigação para esse ano”, disse ao Estadão o ministro das Comunicações, Fábio Faria. “Algum lugar que não esteja pegando, é porque não tem cobertura ainda, por exemplo, o Lago Sul e Lago Norte, que vão receber antenas na sequência, mas tem alguns lugares que não estão funcionando ainda.”

Carlos Alberto Souza, vendedor de celulares em um shopping na região central de Brasília, disse que, com a ativação do 5G na capital federal, cresceu o interesse de clientes por aparelhos com essa tecnologia. "Muita gente veio perguntar, querendo saber mais sobre como funciona", diz. "Hoje de manhã, vendi mais aparelhos desse tipo, uns 50% a mais do que num dia normal." Na loja, os celulares com 5G custavam a partir de R$ 1.999.

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Ironicamente, a tecnologia 5G não estava funcionando dentro da loja. "Parece que aqui no shopping não está pegando direito", disse. O gerente da loja, que tinha um celular com a tecnologia, não conseguia sinal 5G.

Estádio Mané Garrincha Foto: Dida Sampaio/Estadão e Reprodução
Supremo Tribunal Federal (STF) Foto: Dida Sampaio/Estadão e Reprodução
Palácio do Planalto Foto: Dida Sampaio/Estadão e Reprodução

A respeito dos pontos com falta de conexão, a Anatel declarou que a faixa 5G foi liberada no dia de hoje e que as prestadoras de serviço tinham um prazo até setembro para oferecerem o serviço, mas resolveram se antecipar e lançar a rede. “Estão sendo realizados testes para verificar como está a performance, a convivência com os sinais 4G e 3G, para balanceamento de carga, bem como garantir que a conexão passa de uma tecnologia para outra, depende das coberturas e aplicações. Desde sábado, dia 2, foram realizados testes com empresas de radiodifusão, para erradicar algum tipo de interferência pois as TVs abertas utilizam faixa próxima à liberada para o 5G.”

De acordo com a Anatel, foi criada uma “sala de guerra” para atender eventuais falhas na recepção do sinal 5G. “Todo o Distrito Federal, inclusive regiões administrativas, está apto a ter o sinal 5G. No entanto, cada prestadora possui sua estratégia de implantação e expansão da rede. Sendo assim, é natural que nesse momento inicial nem todas as operadoras atendam todas as regiões.”

Projeto-piloto

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O 5G foi ativado hoje em Brasília pelas operadoras Vivo, TIM e Claro. A cidade virou uma espécie de projeto-piloto para a implantação do 5G, com equipes da Anatel trabalhando para que as frequências de transmissão não sofressem interferências. Fábio Faria disse que, até o momento, tudo segue como planejado. “Estamos fazendo os testes para checar se é para estar funcionando onde deveria nas áreas dessas três operadoras. Também testamos se haveria alguma interferência em alguma emissora ou no Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), por exemplo, e não houve nada. Deu tudo certo até agora. Estamos fazendo esse monitoramento e estou recebendo essas informações das operadoras e da Anatel. Não tem área de sombra, nada disso. Se não está pegando, é porque não tem cobertura ainda naquele local.

Segundo o ministro, os locais iniciais de conexões não foram previamente escolhidos, mas apenas regiões onde determinadas antenas já acionadas têm cobertura. “Não tem escolha de local. O que foi para o leilão é a quantidade de antenas por cidade, até completar a cidade inteira. A gente não pode escolher um bairro, isso é a escolha de cada operadora, que procura priorizar áreas mais populosas. Em dois anos, vai ter de estar coberta Brasília inteira e isso se baseia no número de antenas por cidade.”

Além do aparelho celular e computadores, a conexão 5G poderá ser usada em dispositivos em casa e deve influenciar no lançamento de novos aparelhos conectados. Depois de Brasília, as próximas capitais a receberem o sinal serão São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa, mas ainda sem data definida.

A previsão inicial era que todas as capitais deveriam ter o 5G funcionando até 31 de julho, mas, devido a dificuldades logísticas para importação de equipamentos, o prazo foi estendido para 29 de setembro.

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Segundo o cronograma da Anatel, cidades com mais de 500 mil habitantes terão de ser atendidas até 31 de julho de 2025. Em seguida, será a vez dos municípios com mais de 200 mil e 100 mil habitantes, que terão de ser atendidos com rede 5G até 31 de julho de 2026 e até 31 de julho de 2027, respectivamente. Por fim, as cidades com mais de 30 mil habitantes terão de ser completamente atendidas até 31 de julho de 2029.

De acordo com a obrigação de instalação definida em edital, cada operadora precisaria instalar, no mínimo, 30 antenas (uma estação a cada 100 mil habitantes) até o dia 29 de setembro de 2022. “Essa obrigação vai crescendo gradualmente ao longo do tempo até a proporção de uma estação a cada 10 mil habitantes chegar no dia 31 de julho de 2025. Contudo, cada prestadora, em função da demanda e de seu modelo de negócio, pode instalar uma quantidade de estações maior do que o mínimo exigido pela Anatel.”o sinal 5G. No entanto, cada prestadora possui sua estratégia de implantação e expansão da rede. Sendo assim, é natural que nesse momento inicial nem todas as operadoras atendam todas as regiões.”

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