Combustível até três vezes mais caro é um dos desafios para aéreas regionais, diz CEO da Abaeté

Segundo Héctor Hamada, pequenos aeroportos no interior muitas vezes nem têm estrutura para abastecimento dos aviões

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Foto do author Elisa Calmon
Atualização:

A baiana Abaeté Linhas Aéreas é uma das poucas empresas aéreas regionais em operação hoje no Brasil (ao lado da Voepass e da Azul Conecta, subsidária da Azul). E sente na pele as dificuldades que o setor atravessa. O CEO da empresa, Héctor Hamada, diz, por exemplo, que em localidades no interior do País o custo para abastecer um avião é até três vezes maior do que nos grandes centros.

A situação é ainda mais grave, segundo ele, em aeródromos que não possuem estrutura de abastecimento. Nesses casos, o avião é obrigado a ir com o tanque cheio para a volta, o que deixa o aparelho mais pesado e reduz a capacidade de passageiros.

Uma das estratégias adotadas pela Abaeté é operar em aeródromos privados, em que pode ter contrato de exclusividade Foto: Victor Rosa/Abaeté/Divulgação

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Segundo o executivo, que já comandou a Map, aérea regional comprada pela Voepass em 2019, no topo da lista dos agravantes para a aviação regional está a falta de uma regulação própria e de medidas exclusivas de incentivo ao setor. “O tema está começando a ser abordado, o que é importante. Mas, de 0 a 10, o impacto do que tem sido proposto atualmente é de 0,1″, diz.

Para Hamada, as iniciativas, incluindo os benefícios ao setor propostos na reforma tributária, ainda estão focadas nas empresas de maior parte, e não em estimular a criação de companhias menores sediadas fora do Sudeste. “Não basta só construir aeroportos, por exemplo. É preciso ter interesse para desenvolver um negócio rentável”, diz, destacando que a aviação, principalmente a regional, tem um longo tempo de retorno de investimento.

Como possíveis medidas de fomento, ele sugere incentivos para fontes de financiamento, aquisição de equipamentos e redução tributária para combustível.

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Dumping aéreo

Outra preocupação para o setor, de acordo com Hamada, é o “dumping”. A prática, diz, ocorre quando empresas maiores oferecem rotas em trechos operados pelas regionais com preços mais baratos para “expulsá-las”. O CEO da Abaeté atribui isso, em grande parte, à falta de uma legislação específica.

Para se proteger, uma das estratégias adotadas pela companhia é operar em aeródromos privados, em que pode ter contrato de exclusividade. “Se quisermos sair para outros aeroportos, precisamos ter um apoio maior, porque o risco é muito grande”, diz. Um caminho para isso são as parcerias de passagens, como a que vem sendo desenvolvida com a Gol.

A Abaeté opera hoje com quatro aviões Cessna Caravan, com capacidade para até nove passageiros, além do piloto e copiloto, mais 23 quilos de bagagem por passageiro. A empresa tem voos de Salvador para os municípios baianos de Morro de São Paulo, Península de Maraú e Boipeba, sendo a primeira a mais consolidada. Apesar de o plano atual ser focar nestes trechos, Hamada não descarta alçar novos voos.

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