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Acionistas minoritários pedem bloqueio de bens de diretores e sócios da Americanas em nova ação

Um grupo de investidores busca reparação por perdas estimadas em R$ 5 milhões; auditorias PwC e KPMG também são alvos no processo

Foto do author Lucas Agrela

Um grupo de 30 acionistas minoritários vão retomar a ação cautelar na Justiça contra a Americanas. Representados pelo escritório Daniel Gerber Advogados, os investidores dizem ter tido perdas estimadas em R$ 5 milhões e pedem o bloqueio de bens dos sócios, membros do conselho de administração e diretores à frente da varejista quando houve a fraude contábil, bem como a criminalização das consultorias PwC e KPMG, que auditaram os balanços da companhia nos últimos anos. Os sócios de referência da Americanas são o trio de investidores do 3G Capital: Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

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O processo teve início na segunda quinzena de janeiro, poucos dias depois de o ex-CEO Sergio Rial ter pedido demissão ao contar para o mercado sobre “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nas cifras da varejista. De janeiro até hoje, as ações da companhia na Bolsa tiveram queda de mais de 87%. A empresa está em recuperação judicial.

A primeira ação do grupo de acionistas minoritários foi indeferida pela Justiça devido ao processo de investigação do caso da Americanas, que ainda está em curso. Nesta segunda empreitada judicial, a KPMG foi incluída no processo junto da PwC por ter feito a auditoria dos balanços da Americanas nos últimos anos. À frente da ação dos investidores minoritários da Americanas, a advogada Thaynara Rocha diz que era “impossível” que os auditores dos balanços não soubessem do rombo bilionário nas finanças da companhia.

Americanas é alvo de processo de acionistas minoritários que se dizem prejudicados pela publicação de resultados financeiros que não refletiam a realidade do negócio Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO

“Temos expectativa de decisão favorável da Justiça nesta nova ação. Não há outro caminho senão o fortalecimento da investigação e as medidas cautelares. Não são mais investigações preliminares. Esperamos que o poder econômico e político do grupo não prevaleça nessa situação”, diz Thaynara.

Para a advogada, o fato relevante divulgado pela Americanas em 13 de junho e o depoimento do atual CEO, Leonardo Coelho Pereira, à CPI que investiga o caso, reforçaram a tese de fraude contábil.

Thaynara estima que a ação pode levar entre cinco e oito anos para ter desfecho na Justiça, devido ao processo de investigação da fraude na varejista, que precisa ser comprovada no judiciário, e às ações da defesa da Americanas e das auditorias.

“O caminho será muito difícil. Para serem ressarcidos, precisam se tornar vítimas. Essas fraudes precisam ser constatadas. A partir disso é que serão ressarcidos lá na frente. As partes tentarão de tudo para demonstrar o contrário. Houve uma omissão de dados financeiros para o mercado de capitais. Esse crime precisa ser constatado, confirmado pela Justiça, para que os acionistas sejam ressarcidos lá na frente”, afirma a advogada.

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A PwC e KPMG afirmaram que não comentam casos de clientes ou ex-clientes por questões contratuais.

Procuradas, Americanas e 3G Capital não se pronunciaram até a publicação da reportagem. O espaço está aberto para manifestação.

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