Fundada há 17 anos, uma das pioneiras do ecossistema de agtechs brasileiro, quando esse termo para classificar as startups de tecnologias para os agronegócios ainda nem existia, a Agrotools desenvolveu aquele que é considerado o maior banco de dados do agro do mundo. A ideia é conectar as empresas dos grandes centros ao que acontece no campo.
O banco de dados é abastecido por imagens de satélites e outras informações captadas em campo, para ser possível realizar 30 milhões de análises, segundo o cofundador e CEO da empresa, Sérgio Rocha. Por meio das diversas camadas de informações coletadas e cruzadas pela Agrotools, é possível entender em tempo real se práticas de ESG estão sendo aplicadas, ter inteligência de dados para saber se uma propriedade é elegível para emitir créditos de carbono e qual o risco de conceder crédito para certa produção.
Por exemplo, para uma empresa de crédito rural ou seguradora, é possível acompanhar se uma safra está evoluindo satisfatoriamente ou se o produtor encontrou problemas que podem inviabilizar o pagamento ao fim da temporada. Também é uma forma de acompanhar a aderência ao ESG de produtores da cadeia de grandes empresas. Nomes conhecidos que lidam com alimentação utilizam os seus produtos, incluindo McDonald’s, Walmart, Nestlé, Carrefour, JBS, BRF, Cargill e instituições tais quais Itaú, XP e BTG Pactual.
“O trabalho dos produtores ficou mais desafiador, por causa do clima, dos concorrentes, dos protocolos ambientais e eles precisam lidar até com três ou quatro safras por ano. Tudo isso impulsionou o uso da tecnologia da porteira para dentro”, diz Rocha.
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Hoje, R$ 100 bilhões em financiamento de safras já passam pelos produtos da empresa. Esse volume de negócios também garantiu um total de R$ 150 milhões de receita com contratos ativos, com cerca de 200 grandes empresas e outras 50 de menor porte do setor.
Dessa forma, diferentemente do comum em outras startups, a Agrotools conseguiu ir crescendo com dinheiro próprio, a partir dos recursos levantados pela venda de seus serviços. “A gente conseguiu ir sempre se autofinanciando”, afirma Rocha. “Tivemos um pouco de sorte porque a capacidade de computação em nuvem permite hoje o que apenas os centros de dados gigantes conseguiam oferecer, anteriormente.”
No ano passado, ela se preparou para um salto maior. Fechou a captação de US$ 20,9 milhões (R$ 107 milhões), o que a avaliou em mais de R$ 480 milhões. A rodada de financiamento foi liderada pelo Inovabra, fundo do Bradesco, e pela gestora KPTL. Segundo Rocha, esses recursos ajudarão a empresa a fazer aquisições e a se expandir para América Latina e até para a América do Norte.
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