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Alvo de ação da PF por fraude com bitcoins, ex-garçom virou milionário e levava vida de luxo

Milhões deram a Glaidon Acácio carros de luxo, mansões e aniversário com show particular

RIO - Até 2014, Glaidson Acácio dos Santos trabalhava como garçom em um restaurante da Orla Bardot, em Armação dos Búzios (Região dos Lagos), com salário de pouco mais de R$ 800 mensais. Desde que criou uma empresa que supostamente investia em criptomoedas – a GAS Consultoria Bitcoin, sediada em Cabo Frio, na mesma região – arrecadou bilhões de reais. Quando foi preso nesta quarta, 25, levava uma vida de luxo.

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De vida social discreta, o ex-garçom tem uma casa luxuosa em Cabo Frio avaliada em R$ 9 milhões. Foi preso em outro imóvel, na Barra da Tijuca. Lá estavam dois carros de luxo – um Porsche e uma BMW. Ali, segundo agentes que participaram da operação realizada por Polícia Federal, Ministério Público Federal, Receita Federal e Procuradoria da Fazenda Nacional, foi apreendida uma pequena fortuna em dinheiro. Até o fim da tarde, a contagem continuava.

Casado com a venezuelana Mirelis Diaz Zerpa, o dono da GAS não costuma se expor em eventos sociais. Uma das poucas festas que geraramimagens dele que circularam pelas redes sociais foi a de aniversário, em fevereiro deste ano, comemorado em Angra dos Reis, na Costa Verde. A festa teve um show particular do cantor sertanejo João Gabriel.

Empresário Glaidson Acácio dos Santos foi acusado de estar envolvido no esquema de 'pirâmide'. Foto: Reprodução/Youtube - 25/8/2021

PF investigava empresa havia dois anos

Há dois anos a empresa é investigada pela Polícia Federal sob suspeita de praticar fraudes financeiras. A investigação identificou que Santos movimentou R$ 2 bilhões nos últimos anos. Para a PF, a empresa pratica pirâmide financeira – um crime. O dinheiro recebido dos investidores não era investido. O aporte financeiro decorrente da entrada de novos clientes garantia o rendimento dos investidores mais antigos. Esse sistema, no entanto, nunca se sustenta indefinidamente. Quando o número de novos clientes é insuficiente para bancar os rendimentos de todos, a pirâmide “quebra”.

Em 28 de abril passado, a Polícia Federal apreendeu em Búzios mais de R$ 7 milhões. O dinheiro estava em três malas e seria levado para São Paulo, de helicóptero. A carga seria levada por um casal que alegou trabalhar para a empresa de Glaidson. Em depoimento à Políciana investigação da PF, Glaison negou trabalhar com criptomoedas. Afirmou atuar com “inteligência artificial, tecnologia da informação e produção de softwares”. Aos clientes, no entanto, o dono da GAS Consultoria Bitcoin afirmava trabalhar com criptomoedas havia nove anos.

Na Região dos Lagos, supostos investimentos em criptomoedas são esquemas de pirâmide

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O município de Cabo Frio, na Região dos Lagos fluminense, concentra diversas empresas que supostamente investem em criptomoedas, como a GAS Consultoria Bitcoin, de Glaidson Acácio dos Santos, preso nesta quarta-feira, 25, sob suspeita de praticar fraude financeira.

Existe em comum entre elas, além do tipo de investimento, a promessa de rendimentos incomuns no mercado financeiro. O suposto rendimento oferecido é de 10% ao mês, como a GAS anunciava, ou até 15%, como garantem outras empresas. Uma aplicação no mercado financeiro brasileiro tradicional e regulamentado paga muito menos que isso.

O sistema geralmente usado para garantir rendimentos tão altos nada tem a ver com aplicações financeiras, mas com um esquema de pirâmide. Os aportes financeiros dos novos clientes garantem o rendimento de todos. Mas, quando a entrada de clientes se torna insuficiente para garantir isso, o sistema “quebra”. Quem aplicou perde o dinheiro. Como ações judiciais não costumam garantir o ressarcimento, não é incomum que prejudicados se vinguem com ações criminosas contra os acusados de fraudes.

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Em 20 de março, Nilson Alves, dono de uma empresa de investimentos de Cabo Frio que prometia 15% de lucro mensal aos clientes, foi baleado quando estava parado em um semáforo no centro da cidade, dentro de seu BMW. Ele sobreviveu, mas ficou cego e paraplégico. Dois supostos atiradores conseguiram fugir.

Em 4 de agosto, o investidor em criptomoedas Wesley Pessano Santarém, de 19 anos, foi morto a tiros em São Pedro da Aldeia, também na Região dos Lagos. Foi abatido quando desceu de seu Porsche Boxter vermelho para ir ao cabeleireiro. Os tiros foram disparados de dentro de um carro, e os assassinos fugiram. A polícia investiga os dois casos.