A Ambev, fabricante de bebidas e dona de marcas como Skol, Brahma e Guaraná Antartica, lançou o fundo ‘Bora Cultura Preta’ para apoiar projetos de empreendedorismo negro na área de economia criativa. Realizado em parceria com o ecossistema criativo PretaHub, o programa visa apoiar negócios financeiramente e oferecer uma formação em gestão aos empreendedores para que o desenvolvimento seja contínuo.
No total, o investimento será de R$ 7 milhões, entre recursos da própria Ambev e leis de incentivo fiscal. Individualmente, cada projeto pode receber entre R$ 50 mil e R$ 500 mil. As inscrições irão até às 17h59 do dia 09 de junho, e as pessoas interessadas podem inscrever mais de um projeto, mas somente um será escolhido. As avaliações serão feitas por integrantes do grupo interno de afinidade racial da Ambev e por uma banca de profissionais externos.
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A economia criativa foi escolhida como foco por ser um setor com forte impacto social, a partir do mercado de entretenimento brasileiro. Segundo a Ambev, a empresa vem utilizando diversidade e inclusão como um fio condutor de suas políticas internas e externas. Assim, a ideia é também buscar outras “diversidades” além da racial, como a regional, de diferentes locais do país.
O Fundo vai contemplar projetos de artes, artes visuais, gastronomia, produção e difusão de conteúdo digital, negócios de impacto nas indústrias criativas, turismo, festivais, moda e literatura. Além do apoio financeiro, os empreendedores participarão do AfroLab, o programa de conhecimento e capacitação do PretaHub e trilhas de conhecimento da Ambev On, espaço de aprendizagem e desenvolvimento da Ambev. “Temos um mix muito bom de propostas em várias áreas e vamos nos aproximar, entender como funciona, para projetos de outras áreas no futuro”, projeta Andreza Machado, gerente de Impacto Social da Ambev.
No AfroLab, o PretaHub parte do autoconhecimento em um jornada inicial para a partir daí falar de negócios. Na primeira semana, as mentorias são focadas no desenvolvimento pessoal e psicoterapia, para que os empreendedores possam conhecer seus diferenciais. “Trazemos algumas ferramentas para que possam olhar para dentro de si, as dores, o que faz travar e o que faz seguir, quais são as fortalezas, para que consigam colocar as próprias características no negócio”, comenta Gabriela Tanabe, coordenadora de comunicação do PretaHub. A intenção é evitar que fique “tudo igual”. Posteriormente, virão as aulas de gestão e outros temas.
Após a seleção inicial de quem se encaixa nos pré-requisitos, a Ambev levará em conta critérios como engajamento do público, preservação da memória da cultura negra, relevância cultural e inclusão produtiva, em geração de trabalho e renda. Segundo Machado, o número de inscrições até o momento é satisfatório, mas um crescimento é esperado nos dias finais. “Na última semana é quando ocorrem todas as finalizações, algumas ainda esperam o clique final”, prevê.
Tanabe concorda - embora o PretaHub não participe da seleção para evitar favorecimentos, diz ter visto pessoas conhecidas se movimentando para finalizar os projetos. Outros Afrolabs devem ocorrer durante o ano, incluindo alguns para mercados específicos como moda e comércio exterior. “A estrutura de autoconhecimento e gestão de negócios permanece parecida, o que difere são os profissionais que levamos, os mentores, que são focados e conhecidos naquela área específica”, comenta.
Algumas contrapartidas podem ser pedidas pela Ambev, entre elas o uso da marca no projeto apoiado. “Tudo será conversado com o proponente e tem que casar com a ideia do projeto”, afirma Machado. Ainda não há uma data específica para o anúncio dos vencedores, mas a previsão é que ocorra em agosto.
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