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Bancos concordam em rolar dívida da Americanas, mas querem capitalização rápida

Capitalização deve se dar por meio da emissão de ações, em uma oferta de alguns bilhões de reais

Foto do author Altamiro Silva Junior
Foto do author Matheus Piovesana
Atualização:

Os bancos credores da Americanas concordaram em rolar a dívida da companhia, para evitar que ela quebre e gere efeito cascata tanto no sistema financeiro quanto no varejo. Mas condicionam que a empresa faça uma capitalização rapidamente, que deve se dar por meio da emissão de ações, em uma oferta de alguns bilhões de reais. O martelo sobre a oferta pode ser batido nesta sexta-feira, 13.

Na visão do mercado, a exposição das instituições à companhia no futuro pode cair, com os bancos endurecendo condições para financiar a varejista à frente, diante da crise de confiança gerada pela descoberta de inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões.

Bancos devem cobrar mais caro de agora em diante para emprestar dinheiro à Americanas  Foto: Felipe Rau/Estadão

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Fontes consultadas pelo Estadão/Broadcast afirmaram que as instituições financeiras concordaram em rolar a dívida da Americanas. Os bancos foram consultados ao longo dos últimos dias sobre essa possibilidade - a empresa comunicou o problema ao mercado na tarde de quarta-feira. “Demos um respiro a eles”, comentou o diretor de um banco credor. “Passamos uma sinalização positiva. A contrapartida é que a empresa vai ter que fazer uma capitalização rápida de alguns bilhões”, comentou um banqueiro, argumentando que o trio de sócios da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, vai ter que participar para a oferta de ações sair.

Por seu porte, a Americanas é cliente de praticamente todos os grandes bancos, segundo fontes do setor. Por isso, não seria interessante deixá-la beijar a lona. Entretanto, executivos consideram que as condições de financiamento ficarão mais duras adiante, com o mercado cobrando mais para assumir um risco também maior. Isso se refletiu na quinta no mercado secundário de títulos de dívida da companhia, com um salto nas taxas cobradas e um tombo no valor de face.

No balanço de setembro do ano passado, a Americanas informou dívida bruta de R$ 19,3 bilhões, sendo que R$ 17,1 bilhões eram de longo prazo, ou seja, com vencimento em prazos acima de um ano. Desse total, R$ 15,6 bilhões estavam em empréstimos e financiamentos, segundo a companhia. O restante estava em debêntures.

Já o ex-presidente da varejista, Sergio Rial, disse em um vídeo de 11 minutos disponível no site da Americanas que a dívida bruta é de R$ 30 bilhões a R$ 35 bilhões, após crescer em 2022, sobretudo no terceiro e quarto trimestres. Ou seja, aparentemente bem maior que os dados do balanço mostram.

Linhas de crédito

Um dos grandes riscos neste momento seria a interrupção da linha dos bancos para o financiamento dos fornecedores, sobretudo em momento que as vendas estão crescendo, disse Rial no vídeo - nas primeiras duas semanas do ano, as vendas crescem acima de 17% no conceito mesmas lojas. “Espero que os bancos tenham postura de equilíbrio e permitam obviamente a gestão atual de encontrar um caminho que funcione para todos.”

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Analistas do setor financeiro acreditam que o impacto de um possível prejuízo com a Americanas seria pequeno para cada instituição. Sem revelar nomes, os bancos informam a exposição que possuem a seus maiores devedores, e na visão de profissionais, os dados mostram que o abalo seria contido.

O analista Marcelo Telles, do Credit Suisse, consultou as exposições das instituições a seus maiores devedores. Na média do setor, o crédito a cada grupo econômico representa cerca de R$ 1,9 bilhão, calculou, ou 1,6% do capital do setor. O banco considerou os devedores que ficam entre a 11ª e a 20ª posição nos balanços das instituições, e estima que a Americanas tenha a 26ª maior dívida entre as empresas brasileiras.

Na quinta, o Bradesco BBI calculou que os bancos mais expostos a varejistas são o Santander Brasil e o BTG Pactual, com cerca de 7% da carteira total de crédito, seguidos por Itaú e ABC Brasil, com 3%, e Banrisul e Banco do Brasil, com 2% cada.

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