Ânima contrata nova presidente para retomar crescimento das operações

Grupo de educação antecipou em um trimestre as metas de redução do endividamento e se prepara para a retomada da compra de empresas na reabertura do mercado de fusões e aquisições

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Carlos Eduardo Valim
Atualização:

A Ânima Educação, um dos grandes grupos de educação superior com ações cotadas na B3, anuncia nesta quinta-feira, 27, a chegada de uma nova presidente, a argentina Paula Harraca, de 43 anos. Com passagem pela ArcelorMittal, onde permaneceu por 20 anos, a executiva será a primeira presidente contratada no mercado pela empresa mineira dona da Anhembi Morumbi e da São Judas. Antes dela, o cargo havia sido ocupado apenas por sócios-fundadores da Ânima, que completou 21 anos de existência.

PUBLICIDADE

A mudança acontece num momento em que a empresa finaliza uma reestruturação e promete voltar a crescer suas operações, inclusive por meio de aquisições, segundo o sócio-fundador e presidente da companhia pelos últimos seis anos, Marcelo Battistella Bueno. “Isso faz parte do nosso processo evolutivo”, afirma. “Terminamos uma agenda importante de integração de operações e de diminuição do endividamento, e agora é o momento de retomada do crescimento, o que casou com o processo de transição e sucessão no comando da empresa.”

Durante a pandemia, o setor educacional foi bastante afetado com o fechamento das atividades por conta do isolamento social. Posteriormente, a disparada dos juros da economia dificultou ainda mais as atividades e a captação de novos alunos. Tudo isso acelerou planos de cortes de custos por parte dos grandes grupos. Além da Ânima, possuem capital aberto no Brasil a Cogna, a Yduqs, a Ser Educacional e a Cruzeiro do Sul Educacional.

Marcelo Battistella Bueno, sócio, e Paula Harraca, nova presidente da Ânima Educação, grupo de educação dono da Anhembi Morumbi e da São Judas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nesse contexto, a Ânima passou os últimos anos promovendo a integração dos ativos do grupo americano Laureate no Brasil, comprados em 2020, por R$ 4,4 bilhões. Antes da aquisição, a empresa tinha 52 unidades educacionais, número que passou para 100 com a compra. Agora, são 77 em operação.

Publicidade

“Em 31 dezembro de 2021, fomos dormir com 19 sistemas educacionais ativos na empresa e acordamos no dia 1º de janeiro com apenas 6. E fechamos mais de 20 prédios, sendo 12 num único trimestre”, diz Bueno. A título de comparação, as concorrentes Cogna, Yduqs, Ser Educacional e Cruzeiro do Sul possuíam ao fim de março, respectivamente, 112, 103, 69 e 27 campi.

Com esse esforço, a Ânima antecipou em um trimestre a meta de baixar o seu nível de endividamento. Ela levou a relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado (o resultado operacional) em menos de 3,5 vezes, no último trimestre de 2023, e para menos de 3 vezes, no primeiro trimestre deste ano. As duas métricas eram os alvos apenas para o trimestre seguinte.

Segundo relatório do BTG Pactual, a Ânima “apresentou um resultado de primeiro trimestre melhor do que o esperado”, e “os números fracos de captação” de alunos foram “compensados por preços melhores e ganhos de margem” de rentabilidade.

A Ânima registrou receita líquida de R$ 990 milhões, no primeiro trimestre deste ano, e Ebitda de R$ 384 milhões. A empresa tem 16 mil educadores e 386 mil alunos, com 18 marcas de instituições de ensino superior ativas.

Publicidade

Esse número pode subir num futuro não muito longínquo. Segundo Bueno, a empresa mineira buscará novas compras quando o mercado de fusões e aquisições no setor educacional for reaberto. “Fomos os primeiros a apostar em aquisições neste setor, já em 2003, com a Una. Depois, também reabrimos o mercado após a crise dos subprimes, adquirindo a UNIBH, em fevereiro de 2009. A mesma coisa aconteceu após a queda do Fies (programa federal de financiamento estudantil) em 2014. Agora, o mercado vai reabrir e vamos estar preparados para isso”, afirma.

Seleção

A contratação de Harraca se concretizou após um processo de seleção conduzido com a ajuda do consultor Luiz Carlos Cabrera, iniciada no começo de 2023. “Na primeira conversa, eu senti que eu faria parte da companhia e que queria trabalhar nela”, diz a executiva.

Nascida em Rosário e com carreira no setor siderúrgico em vários países, Harraca vive há 13 anos no Brasil. Também teve uma experiência no esporte de alto rendimento, tendo sido goleira da seleção juvenil de hóquei na grama da Argentina. “Tive 40 luxações no ombro e precisei parar, mas encontrei o atletismo corporativo, que é maravilhoso, porque também envolve o time, vestir a camisa e treino, preparação, para ter o resultado como consequência. A Ânima é uma construção coletiva”, diz.

Ela se juntará ao restrito grupo de apenas oito presidentes mulheres entre as empresas do Novo Mercado da B3. A executiva participava do conselho da Una, universidade de Belo Horizonte, que foi uma das origens da Ânima, e conheceu no início de 2023 os sócios-fundadores do grupo, Battistella Bueno, Daniel Castanho, atual presidente do conselho de administração, e Maurício Escobar.

Publicidade

Depois da conversa, para ir conhecendo a Ânima, foi convidada a fazer parte do conselho, posição que assumiu no começo do ano passado. Agora, até o fim deste ano, Bueno a ajudará na transição. “Paula vem de um setor que é referência, também em produtividade”, afirma o empresário.

Uma das estratégias que também interessam está em incrementar as parcerias. A Ânima criou, com a operadora de telecomunicações Vivo, a joint venture de educação continuada Vivae. Também promove no Brasil os cursos de culinária francesa da escola Le Cordon Bleu, e acertou no fim de 2021 a captação de investimento de R$ 1 bilhão na Inspirali,sua subsidiária de educação médica, feito pela DNA Capital, fundo cujo principal investidor é a família Bueno, controladora da empresa de diagnósticos Dasa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.