De saída do Brasil para assumir, em novembro, o comando global da marca Jeep, o presidente da Stellantis na América do Sul, Antonio Filosa, disse que espera uma decisão favorável em relação à continuidade do programa de incentivos fiscais para o Nordeste, onde está a fábrica mais moderna do grupo escolhida para produzir os primeiros modelos híbridos e elétricos da marca a partir do próximo ano.
Nos últimos meses, ele dedicou parte de seu tempo em tentar convencer parlamentares sobre a prorrogação do prazo por mais sete anos. “A fábrica de Goiana (PE) é estratégica para o grupo e precisamos de previsibilidade de ambiente econômico”, disse ele nesta sexta-feira, em conversa de despedida com um grupo de jornalistas.
Filosa espera que os parlamentares entendam que a fábrica, por sua localidade, “tem enorme desvantagem competitiva (comparada às montadoras do Sul e Sudeste) em relação a infraestrutura, logística de chegada de componentes e entrega de carros para outras regiões e também em formação de mão de obra”.
O incentivo fiscal que a empresa recebe, de cerca de R$ 5 bilhões ao ano atualmente, está previsto para terminar em 2025, mas há um movimento para que seja prorrogado até 2032. O tema pode ser incluído no texto da reforma tributária, previsto para ser votado ainda este ano. Fabricantes do Sul e Sudeste são contrários à extensão dos benefícios.
Líder na região
Em um balanço sobre sua gestão de seis anos como presidente da empresa no Brasil e na região, o italiano Filosa citou que, nesse período, a participação total do grupo no mercado da América do Sul saltou de 16,7% para 23,8%, sendo líder no Brasil, na Argentina e no Chile.
Além de ter liderado toda a transição do grupo - antes Fiat Chrysler (com Fiat e Jeep) -, para a Stellantis, juntando também as francesas Peugeot e Citroën, o executivo coordenou boa parte do investimento de R$ 18 bilhões para o período de 2018 a 2025 no processo de sinergia, de modernização nas fábricas e novas tecnologias.
Filosa será substituído pelo também italiano Emanuelle Cappellano, de 46 anos. Ele receberá uma companhia operando com lucratividade e participação no mercado brasileiro de 32% com todas as suas marcas- só a Fiat tem 22,1% dos negócios de automóveis e comerciais leves no País, com 340 mil unidades emplacadas de janeiro a setembro.
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Desde 2018, foram lançados 47 modelos das quatro marcas, incluindo atualizações e carros inéditos, como a nova picape Strada e o Pulse. Também foi introduzida uma nova marca no País, a RAM, com produção local, e nos próximos dias será relançada a marca de luxo Abarth, com modelos importados.
A Jeep deve vender este ano cerca de 1 milhão de veículos, equivalente a cerca de 7% das vendas totais do grupo. O Brasil é o segundo maior mercado da marca no mundo.
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