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Auren Energia compra AES Brasil em negócio com troca de ações e se torna 3ª maior geradora do País

Companhia nasce com receita líquida anual de quase R$ 10 bilhões, atrás apenas da Eletrobras e da Engie em capacidade de geração; acionistas da AES terão três opções de pagamento de suas participações

Foto do author Ivo Ribeiro
Atualização:

A Auren Energia, empresa controlada por Votorantim e o fundo canadense CCP Investments, anunciou na noite desta quarta-feira, 15, a aquisição da geradora AES Brasil, após dois meses de negociações. Com o negócio, a companhia se torna a terceira maior geradora de energia do País, com 8,8 gigawatts (GW), e se consolida como a maior comercializadora.

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A empresa combinada terá receita líquida, com base em número do ano passado, de R$ 9,6 bilhões, um aumento de 55% sobre o faturamento da Auren, informou a empresa em comunicado. O Ebitda (sigla em inglês de lucro líquido antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado passará de R$ 1,8 bilhão para R$ 3,5 bilhões.

Segundo o comunicado, os acionistas da AES Brasil terão “três opções para a conclusão da transação: a conversão quase total de suas ações em papéis da empresa combinada, a conversão de suas ações em caixa e uma opção intermediária”. A relação de troca equivale a 0,762 ação da AES Brasil para cada ação da Auren.

Além da AES Corp., por meio de duas holdings, com 47,3% do capital, os demais acionistas da companhia são BNDESPar, com 7%, e o investidor Luiz Barsi Filho, com 5%. O restante dos papéis, 40,7%, está pulverizado no mercado. A empresa, que nasceu como AES Tietê, em 1999, também é listada no Novo Mercado da B3.

Aquisição da AES Brasil adiciona à Auren um portfólio de ativos com capacidade instalada de 5,2 GW Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Única empresa a fazer uma proposta firme pela AES, num primeiro momento considerada abaixo das expectativas, a Auren melhorou sua oferta no decorrer do último mês. Segundo informações de pessoas próximas ao negócio, a companhia enfrentou concorrência da francesa TotalEnergies e da chinesa CTG.

A Auren informa que a empresa combinada terá 39 ativos operacionais e em construção. Criada e listada no Novo Mercado há pouco mais de dois anos, a empresa ficará, em capacidade de geração, somente atrás da Eletrobras e da Engie. Atualmente, tem em operação quase 3,1 GW, entre geração hidrelétrica e eólica, além de parques solares em fase final de desenvolvimento.

A aquisição da AES Brasil adiciona à Auren um portfólio de ativos com capacidade instalada de 5,2 GW, sendo metade (2,66 GW) de 12 usinas hidrelétricas em São Paulo, 2,2 GW de nove parques eólicos no Nordeste e 328 MW de dois complexos solares paulistas. A empresa informa ter um pipeline de projetos a ser desenvolvido da ordem de 4 GW em eólica e solar.

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A companhia destaca que a combinação de ativos cria a oportunidade de captura de sinergias relevantes, estimadas em R$ 1,2 bilhão (otimização de processos corporativos que vão gerar menos despesas administrativas da nova companhia), além de sinergias financeiras e operacionais.

“Desde a criação da Auren, em março de 2022, analisamos detalhadamente o mercado em busca de oportunidades de crescimento por meio de fusões e aquisições. Das mais de duas dezenas de processos que a companhia avaliou neste período, nenhum apresentou tanta sinergia, alinhamento estratégico e potencial transformacional para a Auren quanto a AES Brasil”, afirmou Fabio Zanfelice, CEO da Auren, no comunicado.

A transação será submetida à aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e a expectativa é que seja concluída no segundo semestre de 2024.

A venda resolve o principal problema da AES Brasil: no final de março a empresa carregava uma dívida líquida de R$ 9,25 bilhões. Esse passivo resultava numa alavancagem financeira, em base anualizada, na casa de 5,5 vezes pelo critério de dívida líquida sobre Ebitda ajustado.

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A principal vantagem para a controladora AES Corp. ao se desfazer da geradora brasileira é tirar de seu balanço quase US$ 2 bilhões em dívidas, afirmou uma pessoa próxima da companhia. Mesmo com 47,3% das ações da subsidiária brasileira, a companhia americana consolidava 100% do endividamento em seu balanço global.

Ao mesmo tempo, do lucro de R$ 333 milhões (menos de US$ 70 milhões) do ano passado, americana levou pouco mais de US$ 30 milhões. Essa é uma das razões para a venda, disse um interlocutor, preferindo não permanecer com o ativo.

A raiz do endividamento da subsidiária brasileira foi a busca de capital para seu plano de investimentos, acelerado a partir de 2017. A maior parte com emissão de debêntures. A AES Brasil tem 25 ativos de geração de energia instalados ou em implantação, com capacidade total de 5,2 GW. Em 2023, sua receita líquida foi de R$ 3,4 bilhões e Ebitda somou R$ 1,7 bilhão.

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Em comercialização, a Auren soma 4,1 GW médios de energia vendida no mercado, equivalente a mais de 5% do consumo total do País. “Com a transação, a Auren terá um parque gerador com uma das melhores e mais diversificadas combinações de fontes renováveis do País, com a distribuição de capacidade em geração hidrelétrica (54%), geração eólica (36%) e geração solar (10%)”, informou.

Procuradas, AES Brasil e Auren não comentaram a operação, que foi finalizada no começo da noite desta quarta, após três dias de intensas negociações entre as duas empresas e seus controladores para selar a transação.

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