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Black Friday planejada: brasileiro quer comprar viagens, cursos e produtos de saúde, diz pesquisa

Além dos produtos tradicionais, como aparelhos de eletrônicos, moda, produtos de beleza, consumidores buscam promoções em áreas da saúde, educação e turismo

Foto do author Wesley Gonsalves
Atualização:

Enquanto muitos consumidores esperam as promoções de novembro na Black Friday para atualizar aparelhos eletrônicos, trocar de celular, ou se deixar levar por compras de indulgência do momento, a empresária Giovanna Ricci e as amigas se organizam, anualmente, para comprar as viagens de férias das famílias com preços bem mais atrativos. Juntas, elas se programam em um esquema de pesquisa para conseguir aproveitar as melhores ofertas de hotéis, transporte, pacotes turísticos e outros gastos da viagem com as crianças durante o período de descontos.

“Somos um grupo de oito mães. Nossos filhos são amigos da escolha e sempre viajamos com as famílias”, diz a empresária, que já conseguiu ofertas de hotéis com até 50% de desconto durante a data e lembra que, o importante é organização. “Comprando na Black Friday, temos a oportunidade de conhecer um lugar novo, que já estava no radar, mas por um preço muito mais baixo”, afirma.

Black Friday: mais do que eletrônicos, roupas ou itens de casa, Giovanna Ricci e o seu grupo de amigas está de olho nas promoções de viagens para a data de descontos Foto: Felipe Rau/Estadão

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Assim como Giovanna, mesmo com dois meses de antecedência da data promocional, outros brasileiros se preparam para transformar em realidade suas listas de desejos durante o período da Black Friday, uma das datas mais importantes para o varejo doméstico após ser importada dos Estados Unidos.

Essa intenção de compras já começa aparecer em números, como mostra um estudo feito pela divisão de negócios para varejo do Google, obtido com exclusividade pelo Estadão. Segundo a pesquisa, 62% da população brasileira pretende fazer compras na data promocional.

O estudo analisou as respostas de intenção de compras de 1.350 pessoas de todas as regiões do País. Para a primeira fase do levantamento, a companhia realizou as sondagens em julho deste ano. Uma nova rodada da sondagem deve ser realizada próximo da data, com novas informações, tipos de produtos e tíquete médio para o período.

Para este ano, o relatório da companhia mostra que entre os itens mais desejados pelo público brasileiro na Black Friday são os aparelhos de eletrônicos (76%), itens de moda (59%), produtos de beleza e cuidado pessoal (44%) e os utensílios para casa (41%). As projeções do Google mostram que os brasileiros devem comprar, em média, até seis categorias diferentes de produtos e serviços.

O sucesso da Black Friday não depende só de renda, crédito e confiança, mas depende da intensidade promocional

Alberto Serrentino, vice-presidente e conselheiro da SBVC e fundador da consultoria Varese Retail

Desempenho positivo

Essa projeção positiva chega ao mercado um ano após um resultado muito aquém do esperado pelo varejo, que amargou desempenho fraco na edição anterior devido ao cenário econômico da época. Gleidys Salvanha, diretora de negócios de varejo do Google Brasil, lembra que o resultado da Black Friday no Brasil, nos últimos anos, foi fortemente impactado por diversos fatores, como a pandemia de covid-19, problemas na cadeia de suprimento, guerra na Ucrânia, eleições e mais. A executiva explica que em 2023 o setor viveu então um momento de normalização da sua cadeia, que agora chega em 2024 de maneira mais madura e com projeções otimistas.

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“A partir de 2023 tivemos a sensação de que as bases se normalizaram”, diz ela. ”O que temos em 2024 é exatamente isso: a intenção de compra em um momento em que os varejistas estão mais maduros, inclusive sobre a capacidade de ser rentáveis. Acredito que depois de todos esses anos, eles continuam muito focados na rentabilidade dos seus negócios, mas muito de olho na oportunidade que esse momento da Black Friday traz”, afirma a diretora.

Segundo o levantamento, a projeção positiva de consumo neste ano está ligada à melhora em fatores macroeconômicos do País, como recuo da taxa de desemprego, corte da taxa Selic, hoje em 10,50%, e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 1,4% no primeiro semestre. “Tudo isso joga a favor do varejo e do consumo”, avalia o vice-presidente e conselheiro da SBVC e fundador da consultoria Varese Retail, Alberto Serrentino.

Contudo, o especialista acredita que a consolidação das projeções com tom positivo sobre a data de promoções ainda dependerá de como os varejistas atuarão para garantir ofertas de produtos ao público, se haverá apetite do setor para consolidar esse resultado, algo que não foi visto em anos anteriores. “O sucesso da Black Friday não depende só de renda, crédito e confiança, mas depende da intensidade promocional”, diz.

Diretora-geral de Negócios para o Varejo no Google Brasil, Gleidys Salvanha é a responsável por liderar o estudo no País  Foto: Luciana Aith/Divulgação Google

Para além do varejo

Com mais pessoas querendo consumir na data, novos negócios podem se beneficiar desse aumento na intenção de consumo. Isso porque os dados do Google demonstram que novas indústrias têm ganhado relevância na decisão de compra do público que busca boas oportunidades neste período do ano, a exemplo de educação, turismo e saúde.

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Como a empresária Giovanna Ricci, o relatório do Google mostra que o interesse do público vai além do varejo tradicional, já que 72% dos brasileiros gostariam de aproveitar algum tipo de oferta de viagem, 56% gostariam de aproveitar ofertas de cursos, e 43% tem interesse em ofertas de medicamentos de vendas sem prescrição, como suplementos e vitaminas.

Para a executiva do Google, o avanço da data de descontos no País faz com que os consumidores queiram aproveitar oportunidades para além do varejo tradicional. “É um nível de maturidade, o cliente quer todo tipo de oferta em uma data como a Black Friday”, diz Gleidys. “Acreditamos que teremos boas oportunidades para os muitos varejistas nesta edição da Black Friday.”

O professor de varejo da Strong Business School (SBS) e FGV, Ulysses Reis, afirma que os resultados da pesquisa do Google deixam claro um avanço da Black Friday no País como uma oportunidade para negócios muito além do segmento de varejo. Isso inclui, a exemplo do consumo em relação a turismo, saúde e educação, compras que não costumam ser feitas por impulso, mas sim por planejamento.

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Reis lembra que, diante do avanço da data de descontos no País, o que já foi um momento de compras por indulgência e emoção começou a ganhar um caráter de programação, o que fez com que os brasileiros passassem a se programar para gastar na data de maneira mais estratégica.

“Em primeiro lugar, o perfil da Black Friday vem mudando ao longo dos anos e se adequando à realidade dos consumidores. Esse perfil de pessoas que pretendem viajar ou fazer cursos indica formas de buscar consumo não imediatista, mas sim planejado”, diz Reis. “É um perfil de consumo que envolve planejamento.”

Na visão do CEO da MRM Brasil, Fabio Souza, a Black Friday é um momento extremamente competitivo para as empresas do setor, por isso a importância de tentar se destacar em meio a tantas ofertas de produtos e de outras empresas. Souza acredita que as companhias melhor preparadas para a data serão aquelas que consigam trazer uma oferta personalizada para os seus clientes, que já tem uma lista de desejos a serem realizados neste momento. “Não é simplesmente sobre oferecer por oferecer, mas sim sobre criar o match perfeito: a oferta certa, para a pessoa certa, no momento certo”, avalia o CEO.

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