Dois meses após ver a Petrobras sair totalmente do seu quadro de acionistas, a BR Distribuidora decidiu mudar de nome. Agora, a empresa vai se chamar Vibra Energia. A mudança foi anunciada ontem pelo presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior. Segundo ele, a intenção da empresa é fazer uma transformação total e ser vista como uma companhia de energia de baixa emissão de carbono.
"Liderei várias transformações empresariais nos últimos 25 anos, a maior parte delas no pós ou no pré-privatização. Vamos pensar em novos negócios para a transição energética, na importância da conveniência, dos negócios da chamada adjacência, da fidelidade e meios de pagamentos digital", disse ele.
O processo durou 14 meses para ser concluído, tendo começado antes mesmo da chegada de Ferreira Junior na companhia. Para criar toda a concepção da nova marca, a agora Vibra Energia contratou o escritório Tátil Design, de Fred Gelli, que foi um dos criadores da logomarca das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.
De acordo com a empresa, os mais de 8,3 mil postos continuarão utilizando a logomarca da BR, assim como o nome da Petrobras, já que a Vibra ainda tem um contrato licença da marca. O mesmo acontece com o lubrificante Lubrax e as lojas de conveniência BR Mania. Mas, de acordo com Gelli, a nova identidade deve chegar aos postos em algum momento. “Não sabemos quando, mas isso deve acontecer”, diz ele.
Independência
A mudança de nome também marca a independência da Vibra Energia do seu principal controlador há décadas. Nos últimos quatro anos, a Petrobras já havia se desfazendo de parte das ações da antiga BR Distribuidora. Porém, a desestatização aconteceu em 2019, quando a petroleira diminuiu a sua participação de 71% para 41%. Em junho deste ano, a Petrobras finalizou a venda.
Atualmente, 87% das ações da Vibra Energia estão em livre circulação no mercado, o chamado free float. O restante está na mão dos maiores acionistas da companhia, que são os fundos Samambaia e BlackRock, com 7,95% e 5,01%, respectivamente.
Novo momento
Desde o momento em que assumiu a companhia, em março deste ano, Ferreira Junior já prometia que faria da BR Distribuidora uma empresa de energia limpa, e não apenas de venda de combustíveis. A nova marca, portanto, seria um marco para concretizar essa mudança de estratégia.
Segundo Gelli, a criação do nome e da logomarca teve um processo desafiador porque a ideia era criar uma marca que tivesse a conexão com o novo momento da empresa, mas que não deixasse para trás a história da BR Distribuidora.
“A marca tinha que representar a energia, mas com um lado mais humano. Por isso, o símbolo da logomarca lembra energia, mas também o pulsar de um coração”, afirma. “E as letras BR continuam na nossa marca, mas sem tanto destaque porque queremos valorizar a nossa autonomia e independência nesse novo momento.”
Para Eduardo Tomiya, CEO da TM20 branding, como a marca Petrobras vai continuar nos postos, trata-se de uma mudança para acenar ao mercado de capitais que agora a Vibra é uma nova empresa. Ele também cita as mudanças recentes que vêm acontecendo no mercado, como, por exemplo, a mudança de nome da Via Varejo para apenas Via.
“As empresas querem mostrar por meio das suas marcas que elas são modernas e ornam com os novos momentos, até mesmo por uma questão de sobrevivência”, diz Tomiya. “Essa é a visão dos negócios atualmente.”
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