Bradesco se junta ao BV e cria gestora de recursos que já reúne R$ 41 bi em investimentos

O ex-Banco Votorantim foi escolhido devido à experiência na criação de produtos de investimento mais complexos, como fundos imobiliários, de crédito e de participação

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Foto do author Matheus Piovesana
Atualização:

O Bradesco vai se unir ao BV (ex-Banco Votorantim) na área de investimentos para complementar sua oferta com produtos mais complexos (mais expostos ao risco de mercado). Para isso, o segundo maior banco privado do País vai comprar 51% da gestora BV DTVM, que hoje tem R$ 41 bilhões sob gestão. A nova marca do negócio ainda não foi definida, segundo os novos sócios. O negócio ainda está sujeito às aprovações do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

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Hoje, a BV DTVM é a nona maior gestora de fundos imobiliários, de acordo com ranking da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). No ranking geral, a Bradesco Asset (Bram), gestora do Bradesco, é a terceira maior, atrás das gestoras do Itaú e do Banco do Brasil. A Bram tem R$ 544 bilhões sob gestão, enquanto o BV DTVM concentra R$ 41 bilhões.

“Nossa ideia desde o princípio foi ter uma asset que continuasse com o perfil independente”, disse ao Broadcast Roberto Paris, diretor executivo do Bradesco. “Pensamos em criar um negócio, mas entendemos que fazia mais sentido buscar algum parceiro que já estivesse no mercado.”

Bradesco escolheu o BV para a parceria devido à experiência na criação de produtos de investimento  Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration/File Photo

O BV foi escolhido por sua experiência na criação de produtos de investimento mais complexos, como fundos imobiliários, de crédito e de participação, afirma o executivo. Estes tipos de fundo complementam, de acordo com ele, a oferta da Bram.

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Com a parceria entre Bradesco e BV, uma nova empresa será criada a partir da carteira gerida e da estrutura da atual BV DTVM, após a compra de 51% do capital da companhia pelo banco da Cidade de Deus.

O movimento tem como pano de fundo a busca dos brasileiros por diversificação de investimentos, movimento que se mantém mesmo com a alta de juros, mas ganhou novos vieses. “No passado, havia produtos simples, que remuneravam à taxa de juros básica, e atendiam à necessidade de quase todo mundo. Hoje, o investidor busca alternativas para dar rentabilidade a seus portfólios a médio e longo prazo”, disse Paris.

Crescimento

A nova empresa terá a própria estrutura de atendimento, que parte da atual BV DTVM, com cerca de 100 funcionários. Entretanto, poderá distribuir produtos pelos canais do Bradesco, o que inclui a Ágora, corretora do conglomerado que atende ao público de varejo. Atualmente, a plataforma do Bradesco já é aberta a produtos de terceiros.

A nova empresa nasce com R$ 41 bilhões em ativos sob gestão, e R$ 22 bilhões sob custódia no private banking, unidade destinada a clientes com alguns milhões para investir. Segundo o diretor do Bradesco, a ideia é ganhar mercado nos próximos anos. Não há meta definida, mas o banco afirma que o avanço pode ser rápido.

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“Um crescimento de 50% nos próximos três, quatro anos, não nos surpreenderia demais. É factível”, afirmou. Segundo ele, não devem haver mais parcerias da mesma magnitude, mas que outras, por meio da própria gestora, podem ser firmadas no futuro, a depender do mercado.

No mundo de investimentos, o Bradesco vem se movimentando para robustecer a carteira de clientes. Em 2019, o banco trouxe de volta a marca Ágora para atender ao investidor de varejo, um dos principais alvos de plataformas como a XP. Alguns segmentos acima, no private, incorporou as carteiras de clientes do JP Morgan e do BNP Paribas, o que aumentou o portfólio sob gestão.

O que diz o mercado

Na visão dos analistas do Goldman Sachs, a união do Bradesco com o BV é positiva e pode fortalecer a posição do Bradesco na gestão de recursos de clientes de maior renda. “Embora o valor não tenha sido revelado, vemos o anúncio como estrategicamente positivo, dado que pode fortalecer a posição do Bradesco no segmento de private banking, um mercado de R$ 1,7 trilhão em ativos sob custódia no Brasil”, afirma o analista Tito Labarta, em relatório enviado a clientes.

Considerando apenas o segmento private, o Bradesco é o segundo maior do mercado, com R$ 380 bilhões sob custódia.

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