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Brasil está em posição única em agenda verde, mas tem de manter foco no fiscal, dizem especialistas

Estudo indica que o País pode atrair até US$ 3 trilhões em investimentos a partir do compromisso de empresas brasileiras em zerar as emissões de gases do efeito estufa até 2050

Foto do author Aline Bronzati

NOVA YORK - O Brasil está em uma “posição única” para ser um líder global em um ambiente de zero emissões de gases do efeito estufa (GEE) ao capitanear, neste e no próximo ano, blocos econômicos de peso como os Brics e o G20, que reúne as maiores economias do mundo, além de sediar a COP-30. No entanto, tem uma lição de casa importante no sentido de se alinhar aos padrões globais, reduzir riscos para atrair investimentos estrangeiros e manter forte equilíbrio fiscal e esforços anticorrupção, conforme especialistas que participam do Brazil Climate Summit 2024, em Nova York.

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Estudo da consultoria norte-americana Boston Consulting Group (BCG) indica que o Brasil pode atrair entre US$ 2,6 trilhões e US$ 3 trilhões em investimentos a partir do compromisso de empresas brasileiras em zerar as emissões de gases do efeito estufa, principais causadoras das mudanças climáticas, até 2050. “O Brasil está unicamente posicionado para oferecer efetivas soluções de clima em escala para o mundo”, disse o diretor da BCG, Arthur Ramos, durante evento, em Nova York, às margens da Climate Week NY, o maior evento com a temática clima do mundo.

Para a vice-chairwoman da plataforma de descarbonização Carbon Direct, Nili Gilbert, o progresso que está sendo feito no mercado brasileiro de créditos de carbono, com uma regulamentação em andamento no Senado, será importante para atrair fluxos de investidores estrangeiros. Mas, na sua visão, é preciso avançar os padrões nacionais para internacionais. “Precisamos olhar para uma conversa global mais ampla sobre os padrões do mercado de carbono”, reforçou. Ela também cobrou a necessidade de padrões no que é considerado commodities verdes, uma vez que as definições são diferentes em cada país.

Para especialistas, Brasil pode oferecer efetivas soluções de clima em escala para o mundo Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

“O Brasil está em uma posição única para avançar esse tipo de interoperabilidade global devido à posição em que está neste ano e no próximo, liderando muitas reuniões e grupos internacionais importantes do G20 à COP-30, do Mercosul ao Banco dos Brics”, avaliou Gilbert.

Ela destacou ainda a importância de o País reduzir riscos para atrair capital externo e também às questões macroeconômicas. Como exemplo, citou o programa de hedge cambial para projetos de transição ecológica que integra o Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial, o Eco Invest Brasil, lançado neste ano, durante as reuniões do G20 Brasil. “Também é importante nacionalmente continuar a pensar em gerenciar o risco-país, outros riscos macroeconômicos, continuar a olhar para manter fortes equilíbrios fiscais e prestar um alto nível de atenção aos esforços contínuos de combate à corrupção no país”, alertou a vice-chairwoman da Carbon Direct.

O diretor Federal de Sustentabilidade do Conselho de Qualidade Ambiental da Casa Branca, Andrew Mayock, fez um reforço à liderança do Brasil, ao sediar a COP-30, no Pará, em novembro de 2025, e também à importância da coordenação dos papéis dos setores público e privado na agenda sustentável. “Há US$ 100 bilhões no Departamento de Energia agora que estão sendo implementados, e trouxemos uma quantidade significativa de talentos do setor privado”, disse.

Segundo o diretor de sustentabilidade do Bradesco, Marcelo Pasquini, há uma maior demanda por parte das empresas e dos investidores no âmbito de um compromisso de um ambiente de zero emissões. O banco estuda e mede as emissões do seu portfólio há bastante tempo, destacou. “Quando consideramos a quantidade total de energia que será necessária, não apenas para a transição para uma economia de baixo carbono, mas para fornecer energia para data centers e outros tipos de necessidades, os investimentos necessários no Brasil provavelmente devem ser superiores a esses US$ 3 trilhões”, projetou Pasquini.

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