Fundo Apollo faz proposta pela Braskem e ação da companhia dispara mais de 20% na Bolsa

Papel teve volume de negociação de quase R$ 600 milhões e fechou cotado a R$ 33,58; petroquímica da Novonor (ex-Odebrecht) e da Petrobras está à venda há anos

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Fernando Scheller
Foto do author Marcia Furlan
Atualização:

A ação da petroquímica Braskem, que tem entre suas principais sócias as gigantes Novonor (ex-Odebrecht) e Petrobras, disparou na B3, a Bolsa brasileira, nesta terça-feira, 11. O motivo para a corrida dos investidores em direção ao papel foi uma proposta do fundo Apollo pela companhia, que está à venda há anos e é considerada a “joia da coroa” da Novonor, que está em recuperação judicial. No fim do pregão desta terça, o papel da petroquímica fechou a R$ 33,58, com valorização de 20,4%. Quase R$ 600 milhões em papéis da companhia foram negociados no dia.

PUBLICIDADE

Mesmo assim, a cotação atual da companhia está muito baixo da proposta do fundo Apollo, que se aproximou da marca de R$ 50 por ação. A proposta não seria vinculante, e a aposta de alguns operadores de mercado é de que a Novonor vai pensar muito antes de aceitar a oferta. Isso porque, segundo fontes de mercado, a Braskem é o único “trunfo” que a companhia tem em mãos para sair de seus sérios problemas financeiros. Além disso, há o fator complicador de a Petrobras, uma estatal, ser sócia no negócio.

“A Novonor deve vender a Braskem se tiver certeza de que conseguirá resolver seu problema de endividamento com o negócio”, disse uma fonte do setor de fusões e aquisições, que pediu anonimato. “Se vender e mesmo assim não conseguir pagar toda a dívida, talvez não valha a pena.”

Ainda de acordo com fontes de mercado, o fundo Apollo é bem posicionado no setor petroquímico, tendo condições de tocar a administração da companhia em caso de um fechamento de negócio. No passado, a Braskem chegou a firmar conversas avançadas com uma outra gigante de seu setor, a holandesa LyondellBasell. As negociações começaram ainda em 2017 e se estenderam até 2019, ainda antes do início da pandemia de covid-19.

Publicidade

Braskem: petroquímica começou a negociar venda ainda em 2017 Foto: Braskem

Parte da razão para a venda para a Lyondell não ter ido adiante foram questões regulatórias que a Braskem enfrentou nos EUA e também a polêmica envolvendo a operação de extração de sal-gema da companhia em Maceió (AL), que resultou em severos danos a um dos bairros da capital alagoana. Fontes apontaram, à época, que a dificuldade de prever os custos com essa questão teriam contribuído para que a multinacional holandesa desistisse do negócio.

A Ativa Investimentos lembrou nesta terça-feira, 11, que, em abril, a gestora Apollo já havia oferecido R$ 44,57 por ação pela Braskem. “Agora, a nova proposta de R$ 50 por ação favorece o negócio”, destaca. Segundo a casa, por possuir o mecanismo de “tag along”, a proposta atual abrange a parcela da Petrobras na petroquímica.

O que dizem a Braskem e seus sócios

A Braskem afirmou, em comunicado ao mercado, que “não conduz as negociações” da venda das participações da Petrobras e da Novonor na companhia. A manifestação foi em resposta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a respeito de notícias sobre um aumento de 25% na proposta feita pelo fundo Apollo, para cerca de R$ 50 por ação.

A companhia divulgou o posicionamento também das duas acionistas. A Petrobras disse que não existe nenhum informação que já não tenha sido divulgada ao mercado. A Novonor, enquanto isso, disse que “até o presente momento não houve evolução material em qualquer alternativa relacionada ao processo de alienação de sua participação acionária na Braskem”.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.