BRB: expansão para fora de Brasília via licitações e reforço da marca com patrocínio ao Flamengo

Até anunciar a compra de fatia do Master, o banco controlado pelo governo do DF fechou uma série de convênios para gerir folhas de pagamento públicas e depósitos judiciais de tribunais estaduais

Foto do author Matheus Piovesana
Atualização:

O Banco de Brasília (BRB), que anunciou a compra de 49% das ações com direito a voto e 100% das ações preferenciais do Master nesta sexta-feira, 28, dedicou boa parte dos últimos seis anos a crescer e a conquistar clientes fora do Distrito Federal. Para chegar lá, recorreu tanto à exposição da marca em eventos esportivos e culturais quanto à expansão das operações. O esforço incluiu a abertura de agências físicas e a conquista de folhas de pagamento em diferentes Estados.

PUBLICIDADE

No balanço mais recente, relativo a setembro do ano passado, o BRB informava ter pontos de atendimento em 18 Estados brasileiros além do DF, em uma rede de 1.082 endereços. Foi um movimento contrário ao visto entre os grandes bancos desde 2019, inclusive os federais, que fecharam agências.

Esse esforço não foi apenas na captação de clientes. A gestão do banco estatal, controlado pelo governo do DF, participou de licitações e fechou uma série de convênios para gerir folhas de pagamento públicas e depósitos judiciais de tribunais estaduais. No mais recente deles, neste mês, ganhou o gerenciamento dos depósitos do Tribunal de Justiça da Paraíba, em uma carteira de R$ 2,6 bilhões.

Objetivo é transformar o BRB em um dos dez maiores bancos do País em cinco anos, com cerca de R$ 100 bilhões em ativos totais Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília/Secretaria de Estado de Comunicação do DF

As folhas e licitações ajudaram a atrair um recurso fundamental para a expansão do banco: captações baratas. Em setembro, o banco tinha R$ 47,1 bilhões em depósitos, sendo que 34% do total eram depósitos judiciais. Com remuneração atrelada à da poupança, estes recursos têm custo abaixo do CDI, o que permite aos bancos conceder crédito com taxas mais competitivas.

Publicidade

Entre os grandes bancos brasileiros, o grande agente do setor é o Banco do Brasil. No caso do BRB, os depósitos judiciais foram fundamentais para a expansão fora de Brasília em linhas como o crédito imobiliário, que mantém o cliente por um longo tempo no banco, mas que consomem capital e exigem um casamento entre ativos e passivos mais complexo.

Em 2023, o Banco Central determinou ajustes no balanço do banco, devido à contabilização incorreta de determinadas receitas. Ao longo do ano passado, o BRB informou que os ajustes foram realizados e os balanços estavam em conformidade com a regulação.

Estratégia de gestão

Entre 2019 e 2024, a carteira de crédito do BRB cresceu quase quatro vezes, para R$ 37,6 bilhões, e ganhou envergadura em operações não consignadas. A base de clientes saiu de 631 mil para 8,1 milhões. Nos nove primeiros meses do ano passado, o lucro do banco foi de R$ 180 milhões, alta de 58,1% no comparativo anual. O número fechado de 2024 não foi revelado.

O crescimento é a parte central da estratégia do atual presidente do banco público, Paulo Henrique Costa. Com carreira na Caixa Econômica Federal, ele chegou ao BRB em 2019, e desde então, o banco começou a “crescer e aparecer” fora de Brasília, diante da percepção de que esta era a chave para ampliar a rentabilidade.

Publicidade

Um dos marcos da estratégia foi o banco digital Nação BRB Fla, em parceria com o Flamengo, que chegou a mais de 3,6 milhões de clientes no ano passado.

Nos últimos dois anos, porém, o banco teve de moderar o ritmo de expansão da carteira de crédito por causa dos índices de capital, que embora acima do mínimo exigido pelo Banco Central, não davam suporte à continuidade do crescimento em ritmo acelerado.

Para equacionar a questão, a instituição lançou uma capitalização privada em que captou R$ 750 milhões no final de 2024, menos do que os R$ 1 bilhão que previa inicialmente.

Em maio passado, Costa disse ao Estadão/Broadcast que um dos objetivos era transformar o BRB em um dos dez maiores bancos do País em cinco anos, com cerca de R$ 100 bilhões em ativos totais.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.