Uma gigante global de investimentos, a gestora de fundos canadense Brookfield tem suas origens no Brasil no apagar das luzes do século 19. Em 1899, investidores canadenses e brasileiros fundaram a São Paulo Tramway, Light and Power Company, responsável por desenvolver sistemas de iluminação pública e de transporte coletivo movidos a energia elétrica na capital paulista - os famosos bondes. Cinco anos depois chegou à cide dado Rio de Janeiro e em 1912 passou a ser controlada pela holding Brazilian Traction Light and Power Co. Ltd.
Já na sua fundação, foi estabelecida uma marca que seguiu toda a trajetória da gestora - foco em investimentos de longo prazo, centrados em serviços essenciais às pessoas. Passados 125 anos, a Brookfield acaba de atingir a marca de R$ 200 bilhões em ativos sob gestão no País, com presença em diversas empresas, tanto controladas acionariamente como investidas. No mundo, presente em 30 países, o montante de ativos sob gestão supera a cifra de US$ 1 trilhão (R$ 5,74 trilhões, pela cotação do dólar desta segunda-feira, 18).
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“Há dez anos, tínhamos R$ 34 bilhões investidos no Brasil”, afirmou Roberto Perroni, presidente da Brookfield no Brasil, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broodcast. “Boa parte desse crescimento foi por aquisições e boa parte por desenvolvimento próprio dos negócios”, complementa o executivo. Os R$ 200 bilhões estão distribuídos em quatro áreas de negócios: infraestrutura, com quase metade (R$ 92 bilhões), private equity (participações em empresas), energia renovável e imobiliário.
Atualmente, no portfólio da gestora estão companhias espalhadas em vários negócios. Ascenty (data centers), Arteris (rodovias), VLI (ferrovias e portos), Elera Renováveis (energia hidrelétrica, eólica, solar e biomassa), NTS (gasodutos), Unidas (locação de veículos), BRK (saneamento), Quantum (transmissão de energia), Tegra (incorporação de imóveis residenciais), Brookfield Propertis (gestão dos ativos imobiliários), IVI Energia (geração distribuída de energia) e Descarbonize Soluções (Aldo Solar/Sol Agora).
Novos investimentos passaram a ser feitos, como sistemas de distribuição de gás e telefonia. Em 1925, o grupo já figurava como a maior companhia de serviços públicos da América Latina. Entre as décadas de 1960 e 1990, a companhia, já com nome de Brascan - Brasil Canadá - referência a seus investidores brasileiros e canadenses -, adquiriu e desenvolveu empresas e ativos em variados setores. Isso, informa a empresa, lhe garantiu sólido conhecimento operacional nas áreas de negócios em que atua até os dias atuais.
A partir dos anos 1990, a Brookfield centrou o foco no setor de real estate (imobiliário) de Nova York e também ampliou os investimentos em energia renovável, tanto na América do Sul como na América do Norte. Dos anos 2000 para cá, após a reestruturação global das operações, tornou-se gestora de ativos, agregando inúmeros outros investidores por meio de diversos fundos de investimento.
Foi nesse período, de acordo com informações, que a gestora se expandiu para Europa, Austrália e Oriente Médio. Hoje, nos ativos sob gestão, US$ 194 bilhões estão na Europa e Oriente Médio e US$ 131 bilhões na região Ásia-Pacífico. A grande fatia dos recursos da Brookfield encontra-se na América do Norte - US$ 616 bilhões. A América do Sul responde por US$ 54 bilhões.
A experiência de 125 anos de Brasil, destaca o presidente da Brookfield no Brasil, permite fazer investimentos não só nos momentos de euforia, mas principalmente nos momentos de crise, quando poucos investidores têm apetite pelo Brasil. “Isso é um diferencial importante. Somos investidores estrangeiros, mas com uma experiência local muito grande”, afirma Perroni.
No Brasil, em todos os negócios das quatro áreas de atuação, empresas da Brookfield operam, por exemplo, o maior portfólio diversificado de ativos hídricos, eólicos, solares e de biomassa (3,4 gigawatts em operação) 3,2 mil km de rodovias, 9,8 mil km de ferrovias, 34 data centers, 2.060 km de gasodutos e 2.851 km de linhas de transmissão de energia. Além disso, o grupo detém dezenas de galpões logísticos e é o maior dono de prédios de escritórios no Brasil.
Como estratégia de investimento, a gestora de ativos procura oportunidades em setores essenciais para a economia global e que tenham forte potencial de crescimento, altas barreiras à entrada e, na maioria das vezes, proporcionem sólidos fluxos de caixa. Atualmente, no País, está presente em 25 Estados e no Distrito Federal, empregando 20 mil funcionários operacionais, que representam 8% do total no mundo.
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