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BTG Pactual compra a Sertrading, uma das maiores importadoras do Brasil

Operação da empresa paulistana, que teve receita líquida de R$ 12 bi em 2023, permitirá ao BTG crescer na área de serviços de comércio exterior; valor do negócio não foi divulgado

Foto do author Carlos Eduardo Valim
Atualização:

O BTG Pactual divulgou nesta quinta-feira, 18, que assinou por meio de uma de suas controladas os documentos referentes à aquisição da totalidade do capital social da Sertrading. O valor da transação não foi informado. As negociações levaram em torno de seis meses.

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Fundada em 2001 em São Paulo pelo empresário Alfredo de Goeye e Paulo Brito, atual controlador da mineradora Aura Minerals e que foi fundador da Cotia Trading, a Sertrading é uma das maiores empresas de trading do Brasil. Especializada em importações para 16 setores da economia, incluindo desde itens pesados da aviação executiva, máquinas e equipamentos, até automóveis e insumos farmacêuticos, ela registrou receita líquida de R$ 12 bilhões em 2023.

Com esse porte, ela disputa a segunda posição no segmento de tradings brasileiras com a Timbro. Elas ficam atrás da Comexport, que divulgou receita de R$ 17,7 bilhões no ano passado.

“Com a aquisição o BTG Pactual poderá ofertar à sua base de clientes os serviços especializados da Sertrading no setor de importação de bens, bem como disponibilizar sua extensa gama de produtos financeiros aos clientes da Sertrading”, diz o banco. A Sertrading vai continuar operando de forma separada do restante do banco, com estrutura própria e mantendo a mesma equipe.

Alfredo de Goeye (sentado) e Luciano Sapata comandam a Sertrading, comprada pelo BTG Foto: Werther Santana/Estadão

A conclusão da transação está sujeita à verificação de determinadas condições precedentes, incluindo a obtenção da aprovação do Banco Central do Brasil e demais aprovações regulatórias necessárias.

A Sertrading vem de um momento de forte expansão. Em quatro anos, o volume transacionado em operações de comércio exterior da Sertrading passou de R$ 5 bilhões, em 2019, para R$ 19 bilhões, no ano passado. Em 31 de dezembro de 2023, a Sertrading possuía patrimônio líquido aproximado de R$ 400 milhões.

No primeiro trimestre deste ano, a companhia já movimentou R$ 4,5 bilhões em operações, o que garantiu uma receita líquida de R$ 3 bilhões, crescimento de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Dessa forma, ela deve transacionar mais de R$ 20 bilhões em produtos em 2024. “Ter apenas acionistas que participam do dia a dia da empresa fez a diferença”, afirmou recentemente Alfredo de Goeye, ao Estadão.

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Pelo acordo original de fundação da empresa, Brito ficaria apenas como investidor, e Alfredo de Goeye cuidaria da operação. O controle mudou quando, entre 2019 e 2020, Alfredo de Goeye e executivos da empresa compraram a participação de Brito e do banqueiro Jair Ribeiro (do Banco Indusval e cofundador da Guide Investimentos), que chegaram a deter cerca de 55% da Sertrading, mas não atuavam no dia a dia da operação.

Antes da venda ao BTG, de Goeye e o vice-presidente da empresa, Luciano Sapata, eram os maiores acionistas (eles não divulgam qual é a participação). Agora, eles e os outros acionistas da empresa terão participação no BTG.

Sob a liderança deles, a Sertrading vem crescendo cerca de 30% ao ano. Para manter o ritmo de expansão dos últimos anos, no entanto, a empresa planejava abrir novas frentes de negócios, estratégia que deve continuar sob o novo controle. A mais importante diversificação deve ser a participação nas próximas concessões de terminais portuários feitas pelo governo.

Um dos casos exemplares foi a concessão da Codesa, a estatal do Espírito Santo, privatizada em 2022. “Não participamos da disputa, pois achávamos, na época, que não valia a pena analisar o negócio. Depois nos arrependemos. A atividade está valendo bastante a pena”, disse Alfredo de Goeye.

O plano da empresa continuará a ser o de acompanhar as concessões que o governo planeja fazer nos próximos anos. São 35 projetos previstos para serem concedidos à iniciativa privada entre 2024 e 2026, num total de R$ 14,5 bilhões (sem considerar o valor das outorgas).

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