O que antes era só comentário agora se confirmou: diante de uma piora em seus indicadores, o grupo francês Casino deverá mesmo abrir mão de parte de sua joia da coroa, o atacarejo Assaí. As informações sobre a operação começaram a circular na semana passada e foram confirmadas nesta quarta-feira, 26, pelo próprio Assaí, que desde o ano passado é uma operação separada do Grupo Pão de Açúcar (GPA).
Desta forma, o Casino pretende vender o equivalente a cerca de US$ 500 milhões (mais de R$ 2,5 bilhões) em papéis do Assaí, em uma oferta subsequente marcada para novembro. O valor poderá até ser elevado, dependendo das condições do mercado. O atacarejo é considerado a cereja do bolo das operações da gigante francesa. Segundo fontes disseram ao Estadão, o Assaí se tornou tão poderoso que já rivaliza em termos de valor com a “empresa-mãe”.
Em comunicado nesta quarta-feira, 26, o Assaí disse apenas que se trata do início de “trabalhos preliminares para a potencial transação”, afirmando que ainda não há “decisão final sobre o tema”. Os bancos BTG Pactual, Itaú BBA e JP Morgan foram contratados para analisar os termos da operação.
O Casino tem 41% da rede de atacarejo, que é a operação que mais leva crescimento e geração de caixa para o grupo francês. A venda das ações é necessária porque o Casino precisa cumprir metas estabelecidas com seus credores lá fora – e estaria com dificuldades de cumprir os acordos já no curto prazo.
“Em nossa opinião, o Assaí é a fonte de financiamento mais fácil e rápida para o Casino entre as três subsidiárias que cobrimos”, disseram, na semana passada, os analistas Joseph Giordano, Nicolas Larrain, Guilherme Adami Vilela, do JPMorgan, em relatório. O Casino deve vender outros ativos, entre eles o Grupo Éxito, na Colômbia. No entanto, seu valor é bem inferior do que o do Assaí, que poderia ser mais rapidamente vendido, pois há vários interessados em ter uma fatia dessa operação.
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