Brasília - A presidência da RioGaleão, concessionária controlada pela Changi que opera o aeroporto do Galeão, no Rio, evitou indicar nesta terça-feira, 09, qual será a decisão da empresa de Cingapura sobre a permanência no terminal. O presidente da empresa, Alexandre Monteiro, participa de audiência pública na Câmara sobre os terminais Santos Dumont e Galeão, e fez há pouco uma apresentação sobre a operação no aeroporto internacional.
Com a queda no número de passageiros no Galeão e dificuldades financeiras, a concessionária optou por devolver o ativo no início do ano passado, processo de relicitação que ainda está em andamento. Monteiro reconheceu que, com a chegada do novo governo, foi aberto um espaço de discussão sobre a possibilidade de se optar por outra alternativa que não a devolução.
Ele ponderou, contudo, que o que está em vigor hoje é o aditivo de relicitação, além de afirmar que as conversas “estão sendo muito construtivas”. No último dia 27, em reunião com a concessionária, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), cobrou que a Changi dê uma resposta rápida à pasta sobre a permanência ou não na gestão do aeroporto.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, representantes da empresa pediram alguns dias para consultar os acionistas e dar uma devolutiva ao ministério. “E com a chegada do novo governo se abriu um espaço em que a gente está vivenciando, trabalhando com espaço de discussão de talvez outras saídas com relação ao futuro do aeroporto, com relação à relicitação ou não. Mas hoje o que temos é esse contrato assinado, e ele segue perfeitamente válido, e as conversas estão sendo muito construtivas”, disse Monteiro, durante a audiência pública.
O presidente da RioGaleão também voltou a apontar que um dos motivos que levou a concessionária a entrar com o pedido de devolução foi o fato de a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) optar por fazer um reequilíbrio do contrato ano a ano, e não de longo prazo. “Importante frisar que estamos 100% adimplentes com obrigações contratuais, e com obrigações de pagamento de outorga, esse foi objetivo do acionista controlador, fazer transição de forma tranquila”, disse o executivo.
Na audiência, o deputado da bancada do Rio Pedro Paulo (PSD) cobrou que haja uma definição rápida sobre o futuro do Galeão. “É preciso tomar uma decisão e não ficar nesse impasse.” O parlamentar pontuou sobre a encruzilhada financeira que envolve o contrato da Changi. Na avaliação do deputado, se a relicitação for encaminhada e a Changi sair do aeroporto, o governo poderá ter de pagar uma conta de R$ 2 bilhões à empresa por investimentos não amortizados.
Por outro lado, para ficar na administração do terminal, a concessionária demandaria ter seu contrato reequilibrado a longo prazo - decisão que teria repercussões para além do Galeão e que, por sua vez, já foi negada pela Anac. “Um reequilíbrio tem uma série de repercussões, problema da dificuldade de ajustar contrato em que bases foram feitas de forma equivocada”, disse Pedro Paulo, que reforçou o pedido do Rio para que o governo limite os voos aos Santos Dumont, a partir da avaliação de que a restrição irá incrementar a demanda do Galeão.
“São questões que precisam ser levadas ao presidente Lula”, disse. Também presente na agenda, o secretário nacional de Aviação Civil, Juliano Noman, afirmou que o governo e a bancada do Rio já estão próximos de uma solução consensual sobre o futuro dos dois terminais. “A gente está muito próximo de ganhar essa partida”, disse.
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