Além das plataformas especializadas em vendas de passagens de ônibus, também chegaram ao mercado empresas voltadas à busca e comparação de preços, similar ao que fazem sites como Decolar e Kayak para o segmento aéreo.
A BuscaOnibus nasceu em Santa Catarina em 2009 e foi o primeiro portal de comparação de preços de passagens rodoviárias do País. Hoje recebe 1 milhão de visitas por mês, informa seu diretor e fundador, José Almeida.
No primeiro semestre deste ano, 62 mil passagens foram adquiridas por visitantes da plataforma, o triplo em relação a igual período de 2021.
A BuscaOnibus reúne informações de 250 empresas de transporte rodoviário de passageiros. Também é responsável pelas reservas de caronas da BlaBlaCar, que somaram 60 mil de janeiro a junho, ante 48 mil no ano passado.
A Blablacar também entrou no ramo de intermediação de venda de passagens rodoviárias em 2020. Hoje tem parceria com 160 viações.
Almeida avalia que a participação das vendas de passagens de ônibus por aplicativos subiu de 6% a 8% no ano passado para 10% a 12% neste ano. “É um crescimento impressionante para um modelo de negócio muito recente.”
Em sua opinião, o movimento impulsionado pela pandemia vai continuar a crescer, especialmente no Brasil, país de longas distâncias, sem transporte ferroviário e com população de renda per capita que impede uma participação maior no transporte aeroviário por causa do alto custo.
Segundo a BuscaOnibus, o preço da viagem de ida e volta da viagem de ônibus de São Paulo ao Rio variava de R$ 93 a R$ 273 em 2019. Hoje, a variação é maior, de R$ 20 a R$ 400.
Frota maior
Mais pessoas viajando de ônibus leva à necessidade de uma frota maior. A Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) informa que, de janeiro a julho foram adquiridos 1.403 novos ônibus pelas empresas do setor, 73% a mais ante igual período de 2021.
De acordo com a entidade, o setor vinha sofrendo “impactos da atuação do transporte clandestino digital” mas, com mudanças no cenário jurídico e regulatório começa a reagir.
Outra medida que, na visão das novas empresas do setor ajudaria a ampliar o mercado, mas depende de alterações nas normas da ANTT, é a mudança da regra do circuito fechado para aberto. Isso significa acabar com a regra que estabelece que ônibus de fretamento só possam transportar os mesmos passageiros na ida e na volta de uma viagem.
Estudo feito em março pela consultoria LCA indica que essa media levaria a uma expansão de R$ 2,7 bilhões no PIB e aumento de R$ 462,8 milhões na arrecadação tributária federal com todas as atividades turísticas advindas do aumento das viagens de ônibus (hotel, refeições, comércio etc.)
Segundo Henrique Vicente, especialista em políticas públicas da LCA, a projeção é de também seriam gerados 63,5 mil empregos diretos e indiretos em toda a cadeia do turismo rodoviário.
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