Concessões rodoviárias com ‘desequilíbrio financeiro’ devem ir a leilão em outubro

Ministério dos Transportes prepara a licitação das três primeiras rodovias com contratos repactuados; nesses casos, lance inicial será o preço do pedágio

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Foto do author Luiz Araújo
Atualização:

BRASÍLIA - O Ministério dos Transportes se prepara para realizar os três primeiros leilões de concessões que estão próximas de acordos para repactuação de seus contratos. As disputas serão realizadas a partir de outubro em modalidade diferente da utilizada para os demais projetos rodoviários. O lance inicial será o valor de pedágio recalculado pela atual gestora, que deverá competir caso queira permanecer com o ativo.

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A expectativa, afirma o secretário executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, é de que Arteris Fluminense, ECO101 e MS Via, que já têm acordos encaminhados, sejam as primeiras leiloadas. Depois delas, outras 11 poderão ser disputadas no mesmo modelo. A obrigação de levar os ativos repactuados a leilão é uma das cláusulas estabelecidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para permitir a rediscussão dos contratos.

“Decidimos assim para evitar risco moral. Quem oferecer o melhor desconto fica com o ativo”, explica Santoro, número dois do Ministério dos Transportes. Após o início do leilão com a proposta da atual gestora, será aberta a fase de lances verbais. Se não houver interessados, a concessionária atual segue na administração.

Fila do pedágio da concessionária CCR MSVia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A série de repactuações está em análise após as atuais administradoras sinalizarem desequilíbrios financeiros que poderiam motivar a entrega dos ativos. A atual gestão do Executivo defende que os acordos junto ao TCU aceleram a realização de novos investimentos, dispensando prazos de uma relicitação convencional.

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Vantagens ao mercado

Para o mercado privado, os ativos repactuados têm vantagens como a herança de licenças ambientais. Ainda, a empresa participante do leilão poderá se valer de subjetiva maior segurança sobre o valor estimado para o pedágio da via disputada, já que o cálculo base será da administradora atual. “Se o preço tiver margem, vai entrar alguém na disputa”, avalia George Santoro.

Caso a concessão mude de mãos, a nova administradora deverá pagar indenização pelos investimentos já realizados. O valor a ser ressarcido será calculado pela atual concessionária. “Em um processo convencional, a empresa precisa pagar um ágio quando entra. Para as repactuadas é similar, tendo de pagar a indenização”, diz Santoro ao defender que a cobrança não inviabiliza a concorrência.

Outra particularidade que será observada em eventuais transferências de administração será a herança de obras recém-iniciadas. Isso porque, para alcançar o acordo de repactuação junto ao TCU, as atuais concessionárias deverão contratar melhorias imediatas. “Na repactuação a concessionária tem de colocar pré-contrato de quem vai fazer a obra. Já tem de ter licitado, saber quem vai fazer”, explica George Santoro.

Na lista de repactuações há casos curiosos como o da Triunfo Concebra, que administra trechos das BRs 153 e 262 entre Goiás e Minas Gerais. A empresa pediu para entregar o ativo em 2021 e teve o processo de relicitação iniciado. O projeto foi reformulado e dividido em três trechos. Depois disso, a empresa pediu repactuação e se dispôs a seguir gerindo a malha. Pelos prazos, contudo, um dos trechos irá a leilão convencional em 31 de outubro.

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Atraso

Pelos prazos estabelecidos em portaria, todos os 14 processos de repactuação estão atrasados. Conforme as diretrizes, as concessionárias interessadas nas repactuações tiveram de protocolar as propostas de acordos até o dia 31 de dezembro do ano passado. A partir da data de entrega, o governo teria 90 dias para analisar o pedido. Se aprovado pelo Executivo, é encaminhado para o TCU, que tem mais 90 dias. Assim, as análises deveriam ter sido finalizadas ainda no primeiro semestre.

Um dos motivos para esse atraso foi a suspensão das atividades da Secretaria de Controle Externo de Solução Consensual e Prevenção de Conflitos (Secex Consenso) há 30 dias, resultado de um conflito entre o TCU e o Executivo que paralisa os diálogos que miram a finalização dos acordos.

Outros leilões

Os leilões de ativos repactuados se somam a outras nove disputas previstas para este ano por novos trechos, sendo esses em processos convencionais. Se finalizar todos os projetos previstos, o Ministério dos Transportes ficará próximo de realizar 50 leilões até 2026, uma vez que prevê leiloar 32 novos trechos e finalizar 14 repactuações.

Até o momento, foi realizado um leilão em 2024, no trecho entre Belo Horizonte e Juiz de Fora (MG). O calendário do Ministério dos Transportes prevê mais 12 neste ano, na seguinte sequência para outros processos: BR-040/GO/MG; BR-153/262/MG/GO; BR-262/MG; BR-381/MG/; Lote 3 de rodovias do Paraná; Lote 6 de rodovias do Paraná; BR-040/495/MG/RJ; BR-060/452/GO; BR-364/RO; BR-060/364/GO/MT; GO-020/060/070/080/GO e BR-070/174/364/MT/RO.

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